A doença que avança em Minas e em Belo Horizonte, onde as confirmações de casos e de mortes aumentaram nada menos que 50% em uma semana, provoca entre os infectados, além da febre e das dores por todo o corpo, uma ameaça silenciosa e mais profunda. Em toda as fases da dengue, da forma sem sintomas até os casos mais graves, o sangue do paciente é afetado. O vírus provoca redução das plaquetas e interfere no sistema imunológico. Nos casos mais críticos, podem ocorrer hemorragias e até a síndrome de choque por dengue – quando há perda de líquido pelos vasos sanguíneos.
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Com 247 mil com dengue, estado deve R$ 4,8 bi para saúde nos municípiosMunicípios mineiros pedem ajuda para combater a epidemia de dengueGoverno de Minas libera mais R$ 1,7 milhão para combater a dengue em 45 cidadesMapa mostra epidemia de dengue em 40% das cidades de Minas; 17 delas têm mortesPoliciais militares lotam Hemominas para doar sangueMais 5 mil casos de dengue são confirmados em BH; mortes chegam a noveCasos de dengue em abril e maio de 2019 superam outros anos epidêmicosMortes por dengue avançam 29% em Minas e chegam a 49; casos são 289 milBH confirma a segunda morte por Influenza em 2019Enquanto isso, a epidemia se espalha rapidamente. Em BH, segundo boletim divulgado ontem, a dengue já matou seis pessoas, duas a mais que o total registrado em uma semana. O número de casos comprovados também aumentou cerca de 50%. Em sete dias, exames identificaram mais 5 mil doentes, fazendo o total de diagnósticos positivos saltar de 10.490 para 15.491.
A capital vive um período crítico devido à dengue. Neste ano, a média é de 114 casos confirmados por dia. A situação pode ser pior, já que ainda estão sendo investigadas 40.934 notificações. Outros 8.741 registros foram descartados. O Barreiro segue como a região com maior número de casos comprovados. Foram confirmados 5.266 diagnósticos e há 2.592 notificações sob apuração. Em seguida vem a Região Nordeste, com 1.830 confirmações e 6.830 exames pendentes.
Além das seis mortes confirmadas em BH, total que eleva o número no estado a pelo menos 40, há outros óbitos suspeitos.
PLAQUETAS E HEMORRAGIA Pacientes com sintomas de dengue devem ter atenção aos sinais de agravamento da doença. O vírus provoca redução das plaquetas, o que pode levar a hemorragia. “A dengue acaba reduzindo o número de plaquetas, o que aumenta o risco de sangramentos que podem ser leves – como nasal, na boca quando se escovam os dentes – ou sangramentos importantes, como no sistema digestivo ou no cérebro. Pode se tornar uma situação grave”, explicou o infectologista da Unimed Adelino de Melo Freire Júnior, médico do Hospital Felício Rocho.
Para acompanhar a evolução do paciente e evitar a piora no quadro, exames de hemograma são realizados repetidamente, normalmente de dois em dois dias. Mas não apenas as plaquetas são analisadas. Outra avaliação é feita para monitorar o surgimento de uma forma ainda mais grave da doença, a chamada síndrome de choque por dengue. “Isso acontece pela perda de líquido pelos vasos sanguíneos.
Em alguns casos, os sinais de gravidade aparecem quando alguns sintomas já foram embora. Por isso, o paciente deve tomar cuidados constantes. “A dengue tem uma característica bifásica. Há uma fase inicial de febre, em que normalmente a pessoa se sente pior, com dor no corpo. É uma fase mais aguda, com o vírus circulando. Depois, a febre cessa. É mais comum, dois dias após o fim da febre, acontecerem sangramentos. Então, o risco de haver uma complicação é importante”, alertou o infectologista.
Hemominas em alerta
A epidemia de dengue, que já atingiu centenas de milhares de pessoas em Minas Gerais, vem trazendo uma preocupação extra, além dos serviços de atendimento superlotados: estoques de tipos sanguíneos em baixa. O volume está baixo principalmente para grupos negativos, além do O positivo, o mais consumido. “Como estamos tendo muitos casos de suspeita de dengue, essas pessoas não podem doar.
Uma estratégia que está sendo usada no estado é a transferência de sangue de locais onde há menos casos de dengue. “As regiões menos afetadas pela doença conseguem captar mais doadores e coletar bolsas de sangue. Então, distribuímos para outras unidades, para evitar desabastecimento”, afirma a presidente.
Campanhas estão sendo realizadas em busca de doadores. “Estamos fazendo esse trabalho de busca e de sensibilizar pessoas que estiverem bem, para comparecer às unidades”, comentou Júnia Cioffi. Para doar sangue é preciso ter entre 16 e 69 anos. Adolescentes de 16 e 17 anos devem ter autorização do responsável legal. Já os maiores de 60 devem consultar o médico.
As pessoas que já doaram devem observar o prazo entre os procedimentos. Homens podem doar até quatro vezes por ano, respeitando o intervalo de 60 dias; já para as mulheres, o intervalo é de 90 dias, com a possibilidade de doar até três vezes por ano.