Apenas 1.625 pessoas (26.75% do público-alvo) participaram do segundo simulado da Coordenadoria Estadual de Defesa Civil (Cedec) em Barão de Cocais, na Região Central de Minas Gerais, ocorrido neste sábado (18). O número ficou abaixo do primeiro treinamento de março, quando 3,6 mil pessoas participaram. Mesmo somando as duas programações, ao menos 800 moradores da Zona Secundária de Segurança (ZSS) nunca participaram das atividades do governo do estado, já que a meta era atingir 6 mil pessoas. O tempo foi de 43 minutos, 29 minutos abaixo do tempo que a lama demoraria para atingir a Zona Secundária de Segurança (ZSS), estabelecido em uma hora e 12.
O simulado de emergência aconteceu em meio à ameaça de rompimento de um talude da Mina de Gongo Soco, administrada pela Vale na cidade. Em caso de escorregamento, a estrutura pode desencadear o rompimento da Barragem Sul Superior. A previsão é que o talude se desintegre entre este domingo (19) e o próximo sábado (25).
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Segundo o tenente-coronel Flávio Godinho, coordenador-adjunto da Cedec, a Vale será avisada sobre as condições das sirenes.
Mesmo com a baixa adesão, Godinho avaliou positivamente a atividade. "O número é baixo sim. Mas a mobilidade da cidade foi alta. Isso traz pra gente uma satisfação de que atingimos o objetivo. Muitas pessoas foram perguntadas sobre e as respostas eram únicas: as pessoas conheciam seu deslocamento e sua rota de fuga", afirmou.
Um protesto contra a Vale também marcou o simulado. O comerciante Rogério Reis, de 54 anos, era um dos manifestantes.
"A gente fica sem saber, porque eles estão pregando o terror nas pessoas desde 8 de fevereiro. Minha indignação é que não tem verdade nem transparência. A gente depende da mineração, mas uma que não seja predatória. Precisa ser responsável", protestou, enquanto segurava um cartaz em protesto à mineradora.
Para ele, a baixa adesão aconteceu pela descrença da população diante da incerteza sobre as condições da Mina de Gongo Soco.
Este foi o segundo treinamento da população de Barão de Cocais. Em 25 de março, dias depois da Barragem Sul Superior subir para o nível 3 (rompimento iminente), cerca de 60% do público-alvo compareceu. As duas inciativas da Defesa Civil se voltaram à Zona de Segurança Secundária (ZSS), atingida em uma hora em caso de desastre. A Zona de Autossalvamento (ZAS), aquela imediatamente após a represa em estado crítico, já está evacuada desde 8 de fevereiro, quando a Vale elevou o barramento para a segunda escala de alerta.
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