Um homem foi preso, na tarde desta terça-feira, suspeito de manter uma mulher em cárcere privado durante cinco anos em Ibirité, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. A vítima estava desaparecida desde 2014.
De acordo com a Polícia Civil, Júlio César Pereira Jeremias, de 38 anos, foi autuado em flagrante pelo crime de cárcere privado. Segundo as investigações, o suspeito teria restringido a liberdade de sua companheira, de 50 anos, no Bairro Parque Estrela do Sul.
A polícia chegou até o local após denúncia anônima. Quando os policiais militares chegaram na residência, o suspeito atendeu e os deixou entrar. Ao entrarem, eles encontraram a vítima dentro do quarto. Ela disse que nos últimos cinco anos vivia em companhia do rapaz, e que ele não permitia que ela saísse de casa sem ele. Todos os dias ele saía e ela ficava trancada.
“Ela era proibida de ter contato com vizinhos e família”, contou o delegado responsável pelo caso, Dr. Wellington Martins Faria. Em depoimento, uma testemunha que morava na vizinhança, afirmou que em todo esse tempo a vítima nunca foi vista na rua. “Uma das testemunhas disse ainda ter ouvido gritos de socorro da mulher em outras ocasiões”, afirmou o delegado.
O companheiro da mulher negou as acusações. Segundo ele, trancava o imóvel no intuito de proteger a vítima, que segundo ele, é alcoólatra. Ele afirmou que deixava uma chave dentro da casa. Contudo, a polícia não encontrou e a vítima disse que não tinha conhecimento sobre o objeto.
De acordo com a Polícia Civil, a vítima demonstrou alto desequilíbrio emocional durante o depoimento. “Ao mesmo tempo que ela relatava o cárcere, falava de grande afeto por ele, que amava e tinha medo de perder”, contou o delegado. A vítima disse que ele ameaçava tirar ela de sua residência caso ela saísse.
A filha dela, de 23 anos, foi ouvida e confirmou que ficou sem contato com a mãe durante cinco anos, e, há três meses conseguiu falar com ela pelo telefone e disse o que tava acontecendo. Ela disse que no início da relação era agredida fisicamente, mas recentemente, as agressões se tornaram psicológicas.
A vítima foi encaminhada para atendimento psicológico. De acordo com o delegado, as investigações vão continuar ouvindo outras testemunhas. O suspeito foi encaminhado para o Presídio de Ibirité. Se condenado, pode ficar preso de um a três anos.
* Estagiária sob supervisão da subeditora Ellen Cristie.