Uma operação da Polícia Civil de Minas Gerais prendeu dois proprietários de uma mineradora que estaria extraindo minério de ferro ilegalmente em Mariana. Apelidada de “Curupira”, a operação ainda teve como resultado a prisão do gestor ambiental da empresa. O nome dos três executivos não foram divulgados pelos investigadores.
Leia Mais
Lama de barragem em Barão de Cocais pode atingir 10 mil pessoas em três cidadesRisco de rompimento: MP quer que Vale proteja patrimônio cultural de Barão de CocaisPrimeiras casas do novo Bento Rodrigues vão começar a ser construídas com atrasoDefesa Civil critica 'potencialização do medo' em Barão de CocaisDe acordo com o delegado Luiz Otávio, da 2ª Delegacia de Crimes Ambientais, os sócios da empresa são um casal. As investigações concluíram que eles tinham ciência da extração ilegal, já que o homem ia ao local com uma certa frequência, assim como a mulher, que morava em Mariana.
A prisão dos três envolvidos foram classificadas como temporárias. Ou seja, eles ficarão presos por cinco dias, com possibilidade de prorrogação de mais cinco.
Ainda segundo o delegado, a empresa fraudava os documentos de licenciamento ambiental. “Está sendo apurada a inserção de informações falsos no licenciamento ambiental, além da própria extração de forma ilegal e interferência em área de preservação permanente e em recurso hídrico”, explicou o delegado. Todos os bens foram da empresa foram bloqueados.
Os investigadores ainda apuraram que, mesmo com a falsificação de informações, a Superintendência Regional de Meio Ambiente (Supram) - órgão ligado à Secretaria de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável - negou a licença à mineradora. Mesmo assim, a empresa continuou extraindo minério na região. O Corpo de Bombeiros também já teria negado alvará para as operações no local.
Por telefone, o advogado do ex-secretário, Antônio Eustáquio de Almeida, informou que seu cliente permanece sozinho em uma sala da delegacia de Mariana. A defesa ainda está se inteirando do teor das acusações e aguardando para conversar com o delegado e com Souza e só depois disso se manifestará sobre o assunto.
Caso os presos sejam condenados, eles podem pegar até 11 anos de prisão. "(A operação) salta os olhos, ainda mais se tratando do município de Mariana, onde há 3 anos e meio ocorreu uma tragédia e, mesmo assim, as pessoas estão operando à margem da lei, afirmou o investigador.
Buscas e apreensões
Além das prisões, os investigadores cumpriram cinco mandados de busca e apreensão nas cidades de Barão de Cocais, Santa Bárbara, Mariana, além da capital mineira. As cidades abrigam sedes e escritórios da empresa e guardavam mídias e documentos.
De acordo com o delegado, um dos alvos da busca e apreensão foi o contador da mineradora. A Polícia Civil investiga se a empresa também participava de esquema de lavagem de dinheiro. Ao todo, 60 policiais participaram da operação, que segue em busca de elucidações.
* Estagiário sob supervisão da subeditora Ellen Cristie