Um dos mais belos e imponentes bens patrimoniais de Minas precisa de recursos para que todo o legado arquitetônico não se perca nem parte da história de Belo Horizonte seja apagada. Com a mesma idade da capital, 121 anos, o Instituto de Educação de Minas Gerais (Iemg), no Bairro Funcionários, clama por socorro. O estado precário de conservação do imponente complexo arquitetônico é revelado na conversa das estudantes Isabella Gomes e Alexia Caroline, ambas de 16 anos.
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Professores e alunos do Iemg protestam contra a violência nesta segunda-feiraEscolas particulares de Minas serão proibidas de ter refrigerante, salgados e outros lanches populares a partir de junhoBrasil cai para as últimas posições nos campos da saúde e educaçãoEducadores fazem vigília na Cidade Administrativa antes de reunião com o governoIENG após a manifestação desta segunda-feira, funde 7 turmas para alunos Governo recua e ameniza redução de ensino integral em Minas Gerais Restauradas com tributo cobrado da mineração, imagens voltam a capela em Catas AltasProfessor tenta retirar colmeia do telhado do Instituto de Educação e morreO diálogo, flagrado pela reportagem no corredor, revela as faces em contraposição do instituto. “Nossa escola é bonita”, diz Isabella, aluna do primeiro ano do ensino médio. A colega de turma retruca: “Nossa escola está horrível.” Orçada em R$ 511 mil, a troca do telhado está sendo realizada em caráter emergencial e deve ser concluída em julho. Mas ainda há muito trabalho à frente.
O projeto de restauração, enviado ao Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (Iepha), está orçado em R$ 25 milhões. O montante ainda está muito distante dos valores dos cofres públicos direcionados ao complexo arquitetônico. No ano passado, o Instituto teria que receber verba de R$ 293 mil para manutenção, mas só foram repassados pelo governo do estado R$ 28 mil, cerca de 10% do total.
Diante da imponência do prédio, a diretora Alexandra Aparecida Moraes empreende uma busca por recursos, que inclui a sensibilização do setor privado e deve lançar, em breve, a campanha “Abrace o Iemg”.
Com início em 18 de julho de 2018, a obra tem previsão de término no fim de julho. A reforma recupera cerca de 4,3 mil metros quadrados de telhado. “Com a reforma do telhado temos como objetivo findar a parte da infiltração decorrente do telhado”, afirma o engenheiro responsável Cláudio Giovani, da Petrio Engenharia. A próxima etapa da obra deve trocar a cobertura do auditório.
Caminhar pelo Instituto da Educação é transportar-se no tempo, revelado pelos traços arquitetônicos que fazem do local um dos bens patrimoniais mais importantes do estado e, ao mesmo tempo, pelas marcas de anos descuido, que demonstram a falta de investimento na conservação do prédio, que recebe cerca de 4 mil alunos da rede estadual.
O edifício, tombado pelo patrimônio histórico, tem arquitetura pujante. No entanto, apesar de passado histórico, o instituto sofre com a destruição do tempo. Depois de passar por momentos críticos, nos últimos dois anos, a instituição conseguiu fazer a obra emergencial de troca dos telhados. No entanto, ainda são muitos os problemas estruturais.
O prédio tombado sofre com as infiltrações, muitas paredes estão descascando, os tacos dos pisos em algumas salas estão danificados e soltos.
A reforma do telhado foi iniciada em agosto do ano passado para dar fim às cenas que se tornaram comuns na escola em dias de chuvas: muitos pontos de alagamento e outros em que a água descia como se fosse uma cachoeira. “Em agosto do ano passado, tivemos sérios problemas. Já completavam 20 anos sem que o telhado tivesse recebido qualquer reforma. A madeira estava podre, a parte elétrica estava exposta. A permanência dos alunos era inviável em algumas salas”, afirma a diretora Alexandra Aparecida Moraes.
A direção da escola busca apoio na iniciativa privada. Os alunos aguardam projetos de melhoria da escola. “A reforma está sendo muito gratificante. Chegamos a um estado que tínhamos que sair das salas.
Os alunos esperam que, com a troca do telhado, os corredores e salas da instituição não sejam alagados a cada chuva. As amigas Sophia Pablina Neves Martins, de 14, Nalanda Pereira, de 16, Amanda Álves Costa, de 15, mudaram de sala em decorrência das goteiras que apareciam com a chuva.
ANÁLISE Por meio de nota, a Secretaria de Estado de Educação (SEE) detalhou que as obras no Iemg consiste nas reformas do telhado e do sistema de captação de águas pluviais; reparos na rede elétrica; impermeabilização de laje do beiral e substituição de caixas d’água. Segundo o órgão, além disso existe um projeto de restauração arquitetônica e de instalações complementares de toda a edificação, sob a coordenação do Departamento de Edificações e Estradas de Rodagem de Minas Gerais (DEER-MG), que se encontra paralisado. “No momento, o DEER/MG está analisando a situação de todos os projetos e obras sob a sua responsabilidade que não foram iniciados ou concluídos pelo governo anterior. O Departamento aguarda a disponibilização de recursos para a retomada de projetos e obras no estado, que deverão seguir uma ordem de priorização”, diz o texto.
Por dentro do Iemg
» O edifício do Instituto de Educação de Minas Gerais (Iemg) foi tombado em 15 de fevereiro de 1982 pelo Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (Iepha). O reconhecimento ocorreu tanto pelo valor histórico do edifício na educação no estado quanto pela sua importância artística e arquitetônica.
» Projetado pelo arquiteto Edgar Nascentes Coelho, membro da comissão de construção da cidade, em estilo eclético, o prédio começou a ser construído em 1897 e foi inaugurado no ano seguinte. O edifício foi projetado para para abrigar o Ginásio Mineiro.
» O prédio foi construído em dois pavimentos sobre alto embasamento de pedras de mão e paredes de tijolos. A fachada frontal compunha-se de um corpo central, ladeado por dois outros simétricos. Os dois blocos situados nas extremidades apresentavam três janelas e os blocos intermediários continham cinco janelas em cada pavimento.
» Em 1909, o edifício passou a abrigar a Escola Normal Modelo.
» No bloco central, foi instalado o auditório com capacidade para 500 pessoas, em sequência ao belo e amplo saguão. Nesse ambiente destaca-se a escadaria à imperial. No andar superior, o salão nobre e seus anexos apresentam decoração clássica em gesso nas paredes e tetos.
» O prédio passou a dispor de 75 dependências, com um total de 42 salas de aulas, salas de administração, orientação e direção, biblioteca, arquivo, sala de professores, além de duas cantinas e suficiente número de instalações sanitárias.
» Outra reforma no edifício ocorreu em 1953, quando um incêndio destruiu quase toda a ala direita, atingindo a biblioteca, além de arquivos e o laboratório. A reconstrução finalizou-se em 1956, quando o edifício ganhou os anexos da Avenida Carandaí e Rua Paraíba, onde passou a funcionar a escola fundamental.
» Em 1994, o prédio foi tombado pelo município no conjunto urbano das Avenidas Carandaí, Alfredo Balena e adjacências. Atualmente considera-se que os valores primordiais, que são tanto de ordem física, quanto histórica: a monumentalidade da fachada, sua plena visibilidade pelo público, a integridade material do edifício, a conservação de seu acervo artístico e mobiliário.
» Outra reforma no edifício ocorreu em 1953, quando um incêndio destruiu quase toda a ala direita, atingindo a biblioteca, além de arquivos e o laboratório. A reconstrução finalizou-se em 1956, quando o edifício ganhou os anexos da Avenida Carandaí e Rua Paraíba, onde passou a funcionar a escola fundamental.
» Em 1994, o prédio foi tombado pelo município no conjunto urbano das Avenidas Carandaí, Alfredo Balena e adjacências. Atualmente considera-se que os valores primordiais, que são tanto de ordem física, quanto histórica: a monumentalidade da fachada, sua plena visibilidade pelo público, a integridade material do edifício, a conservação de seu acervo artístico e mobiliário..