Jornal Estado de Minas

Sirene de barragem toca por engano em Santa Bárbara

Mineradora Anglo divulgou nota confirmando que as duas sirenes foram acionadas por um equívoco - Foto: AngloGold Ashanti/Divulgação

As sirenes da mineradora AngloGold Ashanti tocaram por engano na manhã deste sábado em Santa Bárbara, na Região Central de Minas Gerais. A cidade histórica é uma das que podem ser afetadas em caso de rompimento da barragem Sul Superior da mineradora Vale, em Barão de Cocais. A estrutura fica na mina de Gongo Soco, que está sob alerta por conta do deslocamento de um talude. 

Por meio de nota, a Anglo informou que, a pedido da Defesa Civil de Santa Bárbara, realizou hoje um processo de preparação preventiva do sistema de emergência para alertar a população em caso de rompimento da barragem da outra mineradora em Barão de Cocais. 

“Durante um processo interno nesta preparação, hoje, dia 25 de maio, houve o acionamento inesperado por um período máximo de três segundos de duas sirenes localizadas na região de Santa Quitéria e Bárbara, próxima à Barra Feliz”, informou a mineradora. O toque foi interrompido e uma equipe foi mobilizada para esclarecer a situação aos moradores das comunidades e autoridades competes. 

Veja o mapa com os pontos de encontro em Santa Bárbara



“A AngloGold Ashanti pede desculpas à população pelos transtornos e reforça que todas as suas barragens estão estáveis e não apresentam riscos. A empresa reafirma seu compromisso junto à comunidade de sempre estar à disposição para colaborar”, finalizou a mineradora. 

Em março, a Defesa Civil de Minas Gerais realizou um simulado de emergência em Santa Bárbara preparando os moradores para deixar as áreas de risco em caso de um desastre em Barão de Cocais. 



Saiba mais sobre a situação da barragem em Barão de Cocais


Deslocamento aumenta em Gongo Soco

O deslocamento do talude Norte da mina de Gongo Soco aumentou ainda mais neste sábado. Em alguns pontos, passou para 19 centímetros/dia, de acordo com a Agência Nacional de Mineração (ANM). Na base, está em 14,2 cm/dia.

Os valores aumentaram em questão de poucas horas. Na manhã deste sábado, a movimentação variava entre 14cm/dia e 18 cm/dia.
Na sexta-feira, o deslocamento medido estava entre 12,9 cm/dia e 16 cm/dia. A Vale havia previsto este sábado como o prazo máximo para a queda do talude. A Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad) considerou um dia a mais: até este domingo.

O que pode acontecer?

Caindo dentro da cava, o material do talude vai se incorporar ao meio ambiente e nenhuma consequência será sentida. O problema é que, dependendo da força e da velocidade com que isso ocorrer, pode haver vibração e causar espécie de abalo sísmico na Barragem Sul Superior, localizada a 1,5 quilômetro do talude, com possibilidade de liquefação da estrutura, cuja consequência é a ruptura da barragem.

A Sul Superior está em condição sensível desde março, quando o risco de Gongo Soco foi elevado para o nível 3 – o último previsto pela mineração antes de vazamento e que se caracteriza por uma situação de ruptura iminente ou que está ocorrendo.

Moradores

Quem vive na zona de autossalvamento (ZAS), localizada a uma distância de 10 quilômetros imediatamente depois da barragem, foram retirados dos imóveis em 8 de fevereiro.

Ocorrendo o rompimento, a previsão é de que o rejeito chegue até a primeira casa num prazo de 1 hora e 12 minutos. Na cidade vizinha de Santa Bárbara, o tempo é de 3 horas e em São Gonçalo do Rio Abaixo, de 8 horas.

O que diz a Vale

Por meio de nota, a Vale disse que adotou todas as medidas preventivas em Barão de Cocais, desde o dia 8 de fevereiro, com o objetivo de assegurar a segurança dos moradores da região. “Além da retirada preventiva dos moradores da Zona de Autossalvamento, a Vale apoiou as autoridades na realização de simulados e na preparação das comunidades para todos os possíveis cenários, com equipes de prontidão permanentemente”, afirmou no texto.

A mineradora acrescentou que tanto o talude da mina de Gongo Soco como a Barragem Sul Superior estão sendo acompanhados 24 horas por dia e as previsões sobre deslocamento de parte do talude, revistas diariamente. “A Vale reforça que não há elementos técnicos que possam afirmar que o eventual deslizamento de parte do talude poderia desencadear a ruptura da barragem.
Mesmo assim, reitera que todas as medidas preventivas foram tomadas e segue à disposição das autoridades para prestar todo apoio possível.” (Com informações de Junia Oliveira)
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