A mineradora Vale, responsável pela Mina de Gongo Soco, em Barão de Cocais, Região Central de Minas, disse nesta terça-feira que as últimas análises do talude norte apontam que, em caso de ruptura, há "grande possibilidade" de o material deslizar para dentro da cava, diminuindo a hipótese de impacto na Barragem Sul Superior.
Leia Mais
Barragem em Barão de Cocais: entenda os três cenários possíveis para o rompimentoMovimentação de talude em Barão de Cocais aumenta quase 3cm em pouco mais de 12 horasBarão de Cocais: como acessos de emergência devem evitar que 2 mil fiquem ilhadosBarão de Cocais: talude se movimenta até 28,4 centímetros por diaMineradora cava represa para conter lama caso barragem se rompa em Barão de CocaisBarão de Cocais: deslocamento em pontos isolados do talude já atinge 25,9cm/dia Deslocamento de talude já chega a 24,5 cm/dia em Barão de CocaisA mineradora afirma que mesmo que a barragem não se rompa com a queda do talude, ela continua no nível 3, que indica risco iminente. Assim, foram realizados simulados e preparação das comunidades e que, junto às autoridades, foram tomadas todas as decisões preventivas "para qualquer cenário". O diretor afirma que todas as pessoas que moram nas Zonas de Autossalvamento (ZAZ) foram realocadas. Além disso, 3 mil animais foram retirados da área e peças de arte sacra foram transferidas.
A mineradora também afirma que não serão realizadas obras na cava para garantir a segurança. “Já as obras de contenção continuam. A maior das obras é a construção de uma espécie de bacia que, no caso extremo de rompimento da barragem, ajudaria a reter parte dos rejeitos de minério. Além disso, estão sendo colocadas telas e blocos de granito para diminuir a velocidade do rejeito”, informou a mineradora, por meio de nota.
Segundo a Agência Nacional de Mineração (ANM), por volta das 17h de ontem a movimentação em alguns pontos isolados era de 21,5 centímetros/dia. Às 8h de hoje, o deslocamento chegou a 23,9 cm/dia. A deformação na porção inferior do talude norte também aumentou de 18 cm/dia para 19,5 cm/dia.
A Barragem Sul Superior, da Vale, se tornou centro das atenções após a ruptura dos barramentos 1, 4 e 4A, em Brumadinho, responsável pela morte já confirmada de 243 pessoas e por 27 desaparecidos, quando 12 milhões de metros cúbicos de rejeitos foram despejados sobre o Vale do Rio Paraopeba. A tragédia foi o gatilho para uma crise no setor, com revisão dos critérios de estabilidade das represas de rejeitos. Em 9 de fevereiro, a barragem de Barão de Cocais foi declarada como sem garantia de estabilidade, atingindo o nível três de alerta, que indica risco iminente de ruptura.
.