Jornal Estado de Minas

Dengue avança em Minas e maio tem recorde de casos em 10 anos



O frio chegou a Minas Gerais e a chuva diminuiu. O cenário seria perfeito para frear a epidemia de dengue. Mas não é o que está ocorrendo. O número de casos prováveis – que engloba as confirmações e suspeitas – continua em alta. Somente em maio foram 65.979 registros, o maior do período nos últimos 10 anos. Superando até mesmo a do mesmo mês na epidemia de 2016, a maior da história do estado. As ocorrências de precipitações e a falta de mobilização para o combate aos focos da enfermidade estão entre as causas para a alta, segundo especialistas. Na soma dos últimos cinco meses, foram 341.603 notificações.

As mortes também aumentam a cada boletim epidemiológico da Secretaria de Estado de Saúde (SES/MG). Já foram confirmados 65 óbitos. A situação pode piorar, pois ainda há outros 113 em investigação.

A continuidade de milhares de casos por mês preocupa os especialistas. Hipóteses podem ser levantadas para que isso ocorra, como o prolongamento da temporada de chuva e a falta de combate aos focos do mosquito Aedes aegypti. “É uma coisa que preocupa, mas não tem uma explicação exata. Não sei dizer se nós tivemos historicamente um mês de maio mais chuvoso.
Segundo, a única forma de prevenção da dengue é a proliferação do mosquito que transmite o vírus. Ele não deixa de ser transmitido se tem o mosquito. Ainda há uma concentração grande de mosquito em Belo Horizonte. Mesmo no mês mais frio e menos chuvoso, que dificulta a proliferação”, explicou o infectologista Estêvão Urbano Silva, presidente da Sociedade Mineira de Infetologia.

As autoridades de saúde apontam a presença do vírus denv 2, que não circulava há muitos anos, como um dos motivos para o aumento de casos da dengue. Mas, para o infectologista, outros fatores também estão ajudando para a situação crítica. “Temos o vírus novo que pegou uma população mais desprotegida, pois tem muitos anos que não vinha. Mas este vírus só é transmitido quando o mosquito está se mantendo em concentração. Pode-se falar que a população não está tendo uma ação cidadã como deveria ter.
Não está tendo uma resposta como a esperada na eliminação dos criadouros”, comentou.

A preocupação e as ações de combate aos focos devem continuar nos próximos meses, que podem ser de frio e seco. “Os ovos conseguem sobreviver em ambiente secos. Depois, quando vier a chuva, eles eclodem e vão formar as larvas, e os mosquitos. Então, o papel fundamental é eliminar os focos”, alertou o infectologista. Os dados do boletim epidemiológico da Secretaria de Estado de Saúde (SES/MG) divulgados ontem mostram que 264 cidades mineiras apresentaram incidência muito alta ou alta de casos prováveis da doença. Quando há incidência de 300 casos por 100 mil habitantes é considerado epidemia. Outros 165 municípios tiveram médica incidência no período. 

AJUDA
Municípios mineiros vão receber mais verbas para o combate a dengue. A SES/MG publicou uma resolução que destina R$ 2,38 milhões para apoio a 72 cidades. Os valores serão transferidos em parcela única, do Fundo Estadual de Saúde para o Fundo Municipal de Saúde, e variam conforme a população de cada comunidade, podendo ser de 20 a 400 mil reais.
Esse é o quarto repasse feito pasta. Ao todo, 317 municípios foram contemplados, com o montante total de R$ 12,5 milhões. Com esse incentivo financeiro, as prefeituras poderão reforçar as ações de controle da dengue, zika e chikungunya.

 

Vacinação prorrogada


Os moradores de Belo Horizonte terão um prazo maior para se proteger contra a gripe. A cidade que já registrou três mortes em decorrência do vírus H1N1, o mesmo que provocou uma pandemia em 2019, ainda está longe da meta estipulada pelo Ministério da Saúde. Dados da Secretaria Municipal de Saúde (SMSA), mostram que 190,3 mil pessoas inseridas no público-alvo ainda não receberam as doses. Por causa disso, a campanha foi prorrogada na cidade para 7 de junho.

 

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