Depois da iluminação, obras no vertedouro. Quem passa em torno da Lagoa da Pampulha, em Belo Horizonte, pode ver uma movimentação inusitada dentro da estrutura tipo tulipa localizada diante do encontro das avenidas Otacílio Negrão de Lima e Presidente Antônio Carlos.
A Lagoa da Pampulha tem dois tipos de vertedouros, que servem para controlar a vazão das águas: um do tipo tulipa, atualmente em obras, e outro em canal retangular. O do tipo tulipa tem formato de taça, se prolonga verticalmente, e foi construído logo após a construção da barragem, na década de 1940. O outro vertedouro tem estrutura horizontal, com 41 metros de largura e 5,5 metros de altura, e foi construído em 2002 para aperfeiçoar o escoamento das águas de chuvas acumuladas na lagoa. Na mesma época, foi feita a recuperação da comporta do vertedouro tulipa.
Tendo em vista o mau cheiro das águas e o risco de contaminação pela poluição do reservatório, as equipes que trabalham na obra do vertedouro se mostram bem protegidas. Os homens que estão em contato com a água usam máscaras, botas e capas. É possível ver outros também descendo pela estrutura, de forma a atingir a base. Conforme os especialistas, o vertedouro, também chamado de vertedor, sangrador, desaguadouro ou sangradouro é uma estrutura hidráulica que pode ser usada para diferentes finalidades, como medição de vazão e controle de vazão.
HISTÓRIA Inaugurada em 1938, a barragem da Pampulha foi concebida para abastecimento de água em BH, na primeira administração (1935 a 1938) do prefeito Otacílio Negrão de Lima (1897-1960) da capital com então com 500 mil habitantes. Em tempos de tragédias envolvendo barragens de mineração, é oportuno lembrar o rompimento da represa da Pampulha, o qual completou 65 anos em 20 de abril. Segundo reportagem do Estado de Minas, a represa começou a arrebentar de manhã cedo e terminou à tarde.
Antes de tudo acontecer, as autoridades anunciaram pelo rádio para as pessoas evacuarem a área. Naquele tempo, havia pouca gente morando nesses lados da cidade; na verdade, era puro mato. Sorte não ter tido mortes, mas o campo de aviação (aeroporto da Pampulha) foi inundado. “Todo mundo comentava... uma situação assim é sempre dolorosa”, relatou um morador.
Antes do rompimento da barragem, há 65 anos, os passageiros que sobrevoavam a lagoa partindo do aeroporto podiam ler as palavras Pampulha e Belo Horizonte gravadas em letras gigantes na estrutura de cimento, alvenaria e terra – a fenda, conforme mostram as fotos aéreas feitas pela equipe da extinta revista O Cruzeiro, atingiu exatamente as sílabas “zon” e “pulha”. Os especialistas informaram que o vazamento na represa, resultado de uma fissura, foi detectado em 16 de abril daquele ano. Na época, a cidade registrava uma série de problemas estruturais, entre eles ruas com muitos buracos, lixo sem recolher, enchentes e falta de água e de escolas.
MAIS LUZ Bem perto de onde fica o vertedouro a população vai poder encontrar novidades em breve. O Estado de Minas mostrou em sua edição de ontem que a Belo Horizonte Iluminação Pública (BHIP), concessionária responsável pela iluminação da capital mineira, já se mobiliza para instalar luminárias especiais na barragem da Pampulha, local que convive há anos com a escuridão. A novidade será possível depois que a BHIP desenvolveu equipamentos próprios para evitar o ofuscamento de pilotos que operam aeronaves no Aeroporto da Pampulha, vizinho da barragem.
Nos próximos dias a empresa começa a instalar, para uma fase de testes, 38 luminárias que serão avaliadas pela Infraero durante dois dias. A expectativa é que os testes sejam aprovados, uma vez que a Infraero acompanhou e opinou sobre questões técnicas das novas luminárias antes de elas serem colocadas na barragem. Os nichos que existem dos dois lados da contenção de concreto serão usados para alocação dos novos equipamentos, que tem a característica de emitir um feixe luminoso mais voltado ao chão.