A tragédia em Brumadinho, na Grande BH, que completou quatro meses no sábado, vai chegar aos tribunais internacionais para que sejam indenizadas não são só as famílias dos trabalhadores mortos sob o tsunami de rejeitos de minério. Estão na lista também pescadores, pequenos produtores, fazendeiros, indígenas, quilombolas e outras comunidades ribeirinhas atingidas pelo rompimento da Barragem da Mina Córrego do Feijão.
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Acusada de falsificar estudo de barragem de Brumadinho, Vale é multada em R$ 330 mil Barragem que se rompeu em Brumadinho não era vistoriada desde 2016Presidente afastado da Vale não descarta negligência em rompimento da barragem de Brumadinho
Lembrando que no mês passado foi ajuizada, em Minas, ação para garantir as indenizações dos trabalhadores, Garcez explicou que o valor da ação ajuizada totaliza R$ 10 bilhões. “O cálculo do Ministério Público do Trabalho (MPT) foi de R$ 5 milhões por pessoa, mas, diante do lucro da Vale no último trimestre de 2018 (de US$ 3,7 bilhões) definimos em US$ 2,6 milhões, o dobro, portanto, do MPT. “Para se ter uma ideia, isso representa uma hora e vinte minutos de lucro da Vale”, afirmou Garcez. “Não temos notícia de um valor tão alto para uma ação coletiva trabalhista no Brasil”, observou o advogado da Advocacia Garcez.
Ao lado do britânico Meeran, Garcez explicou que a ação coletiva leva em consideração a questão financeira e também os danos morais. “Temos que pensar em todo o sofrimento das famílias, e produzir provas nesse sentido”, disse.
Estão programadas várias manifestações mundo afora, adiantou Meeran. Ele citou as datas 17 e 18 de julho, em Londres, e também durante as comemorações do centenário da Organização Mundial do Trabalho (OIT), com sede em Genebra, na Suíça.
Presente à reunião na sede do Sindicato dos Jornalistas de Minas Gerais, o diretor do Sindicato dos Trabalhadores na Indústria da Construção Pesada de Minas Gerais e integrante da Rede Nacional de Barragens, Eduardo Armond, destacou a importância das ações no Brasil e em tribunais internacionais. “Nos últimos 10 anos, houve cinco tragédias, em Minas, envolvendo rompimento de barragens de rejeitos. Isso não pode mais ocorrer”, disse Armond, ao lado dos advogados Cléber Carvalho e Osmar Jeber Gusmão, de entidades sindicais.
Em nota, a mineradora Vale informou que a prioridade da empresa continua sendo as ações de reparação e prestação de assistência a todos os atingidos.
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