Investigadores que apuram as causas e eventuais responsáveis pelo rompimento da barragem de Brumadinho, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, prometem apresentar uma denúncia criminal à Justiça em até 60 dias. O prazo foi citado pelo procurador-geral de Justiça de Minas Gerais, Antônio Sérgio Tonet, durante audiência da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) no Senado.
A denúncia será apresentada pela força-tarefa que envolve integrantes do Ministério Público Federal, Ministério Público de Minas Gerais, Polícia Federal e Polícia Civil. "Com relação àquelas pessoas que serão denunciadas, vai depender de prova, do nível da qualidade da prova", disse o procurador.
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A promotora Andressa Lanchotti, do Ministério Público de Minas Gerais, relatou que os investigadores estão finalizando a análise de laudos periciais dos corpos e das causas do desastre.
Andressa citou que a força-tarefa trabalha com a teoria jurídica do domínio do fato para responsabilizar criminalmente dirigentes da mineradora Vale pelo ocorrido. "Esse trabalho de estabelecimento da cadeia de comando é o mais difícil porque provas de materialidade saltam aos olhos e, na minha visão, são muito contundentes. Agora o trabalho é definir a cadeia de comando para que todos aqueles que participaram desse ato criminoso sejam devidamente responsabilizados."
CPI
Na CPI do Senado, o senador Carlos Viana (PSD-MG) promete finalizar seu relatório no dia 3 de julho. O documento deve trazer as causas do rompimento apuradas pela comissão, o apontamento de responsáveis e encaminhamentos sobre mudanças na legislação para prevenir episódios como o de Brumadinho e modificar os dispositivos de responsabilização.
Há dúvidas, no entanto, sobre a atuação da CPI para responsabilizar acusados criminalmente pelo rompimento. A Procuradoria-Geral de Justiça de Minas Gerais alertou aos senadores que as ações de quebra de sigilo e prisões já estão sendo tomadas pelos investigadores e não precisariam ser replicadas pela comissão parlamentar. A presidente da CPI, Rose de Freitas (Pode-ES), relatou temer que o colegiado não ofereça respostas à sociedade. De acordo com ela, muitos depoimentos na comissão foram "mentirosos" diante das provas apresentadas.
"A mentira, dentro de um contexto que envolve vidas e comprometimento do meio ambiente, é muito sério", afirmou a senadora. Ela afirmou que os parlamentares ficaram "totalmente estarrecidos" com depoimentos de acusados diante de provas apresentadas pelos órgãos de investigação. "Eu não quero acabar com a Vale, eu quero um novo comportamento", declarou Rose de Freitas..