Uma decisão judicial autorizou a Vale a ocupar terrenos privados ao redor da Mina Gongo Soco, em Barão de Cocais. Em 18 de maio, a mineradora argumentou, judicialmente, que necessitava operar nesses locais para garantir o prosseguimento de obras emergenciais que têm o objetivo de barrar o avanço da lama em caso de rompimento da barragem Sul Superior, em nível máximo de alerta desde o fim de março.
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Talude de Barão de Cocais já se deslocou 2 metros neste anoMovimentação de talude de Barão de Cocais chega a 29,1 centímetros por diaVeja imagens de trincas no talude que ameaça ceder na Mina Gongo Soco, em Barão de CocaisMobilização de emergência pode se prolongar por semanas em Barão de CocaisRemoção de 30 famílias em BH esbarra em uma sequência de desafios: entenda“A ruptura em si não representa risco imediato, todavia, não há elementos técnicos, até o momento, para afirmar que o eventual escorregamento do talude Norte da Cava da Mina Gongo Soco desencadeará gatilho para a ruptura da Barragem Sul Superior. A preocupação é que a vibração gerada pelo rompimento do talude influencie na segurança da barragem Sul Superior, provocando sua liquefação e consequente rompimento”, explicou a empresa, no requerimento.
Ainda de acordo com os autos a que o Estado de Minas teve acesso, a Vale argumentou que já vinha realizando ações para contenção do rejeito, mas que precisava aumentar sua área de atuação. Com isso, teria acesso à região localizada entre a Barragem Sul Superior até 15 quiômetros abaixo. (Veja foto abaixo)
Talude da mina já se movimentou 2 metros só neste ano - Foto: Alexandre Guzanshe/EM/D.A Press
De acordo com a mineradora, na área serão feitas intervenções “imediatas de terraplenagem, contenções com telas metálicas, e contenções com blocos de pedra, no sentido de reduzir a velocidade, dispersão de energia, e contenção do avanço dos resíduos através dos corpos d'água".
O pedido foi protocolado às 14h08. Cerca de 10 horas depois, concordando com o caráter de urgência da ação, o juiz de plantão, Carlos Pereira Gomes Junior, deferiu o pedido da mineradora, que ainda não continha cronogramas e detalhes sobre cada obra a ser realizada.
Na decisão, o magistrado ordenou que as diligências devem ser acompanhadas pelo Corpo de Bombeiros, Polícia Militar e Defesa Civil. O juiz ainda estipulou multa de R$ 100 mil a R$ 1 milhão a cada proprietário que impedir a mineradora de entrar em sua propriedade.
Por fim, foi estipulado que a Vale deposite R$ 50 milhões para garantir o pagamento de indenizações em caso de estrago de propriedades envolvidas.
De acordo com a ambientalista Maria Tereza Viana de Freitas Corujo, uma das mais atuantes em reuniões posteriores ao rompimento da barragem de Brumadinho, a decisão pegou moradores e ativistas de surpresa. Segundo ela, o comunicado aos proprietários ocorreu na sexta-feira passada. No domingo (26) já chegaram as máquinas e a empresa informou sobre a decisão judicial, disse.
*Estagiário sob supervisão da editora Liliane Corrêa