Crime planejado motivado pelo afastamento da liderança de um dos núcleos religiosos da Igreja Batista Shalom. Essa foi a conclusão que a Polícia Civil chegou no inquérito que investigou o massacre em Paracatu, na Região Noroeste de Minas Gerais. Na ocasião, quatro pessoas foram mortas, sendo três dentro do templo. A primeira vítima de Rudson Aragão Guimarães, de 39 anos, foi a ex-namorada, Heloísa Vieira Andrade, de 59. Ela teria sido assassinada por continuar a frequentar a igreja mesmo após os atritos dele com o pastor e por se negar a emprestar dinheiro.
O crime aconteceu em 21 de maio. Rudson foi até a casa da mãe dele, onde também estavam a irmã e a ex-namorada, Heloísa. Lá, Rudson desferiu uma facada contra o pescoço da ex-companheira.
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O inquérito que investigou o massacre foi concluído nessa terça-feira pela delegada de Homicídios da 2ª Delegacia Regional de Paracatu, Thays Silva, e será remetido à Justiça nos próximos dias. A motivação para a chacina foi o afastamento de Rudson da liderança de uma célula religiosa. A hipótese, levantada logo no início das apurações, foi confirmada por meio de mensagens enviadas pelo autor em grupos de aplicativos, depoimentos de testemunhas e diligências de investigadores.
“Ficou evidenciada que a motivação foi o afastamento dele da posição de liderança de uma célula religiosa. A partir daí, ele teria se indignado e começado a ter posturas inidôneas ao pastor. Teria feito isso através de mensagens em grupos de Whatsapp compostos por integrantes da sociedade religiosa. Devido a isso, passou a ser excluído desses grupos. O pastor removeu o Rudson dos grupos da comunidade.
As investigações apontaram os demais integrantes da igreja não apoiaram a atitude de Rudson, o que pode explicar os ataques aos líderes da igreja, e não só ao pastor. “Então, por isso, não tenha se dirigido não somente ao pastor, mas também ao grupo de lideranças da igreja, de intercessores. E também a própria Heloísa, a ex-namorada dele, que continuou participando das reuniões de intercessões e bastante atuante na comunidade religiosa”, comentou Thays Silva.
Morte da ex
A motivação passional foi descartada para a morte de Heloísa, ex-namorada de Rudson. As investigações apontaram dois possíveis motivos para o assassinato. A continuidade dela na comunidade religiosa após o atrito dele com o pastor, e a negativa de empréstimo de dinheiro a ele.
“Uma das coisas que pode ter potencializado essa sensação de ressentimento, de ira do Rudson, é o fato dela não fornecer empréstimos que ele havia pedido. Então, talvez ele a culpasse, até mesmo pelos términos do relacionamento que ele colocava, por ela não fazer o que ele queria. Talvez por isso, ele tenha voltado a ira para ela.
Crime premeditado
Na última terça-feira, equipes da 2ª Delegacia Regional de Paracatu cumpriram três mandados de busca e apreensão com intuito de descobrir como Rudson conseguiu a arma utilizada no crime. Em um dos imóveis visitados, vasto material, entre armamento e munição, foi apreendido. Um pessoa foi presa. “Conseguimos apreender munição de calibre restrito e permitido e outros objetos. No iterrogatório do autor, que foi preso em flagrante, ele esclarece que teria fornecido a arma de fogo, garrucha calibre 33, ao Rudson com as munições. Arma que foi utilizada na prática dos homicídios no templo religioso e para impor oito minutos de terror às vítimas”, afirma Thays Silva.
A possibilidade de surto de Rudson também foi descartada. “Conseguimos delimitar que ele teria premeditado o crime e teria total capacidade de determinação quanto a realidade durante a execução delitiva. E se determinado, inclusive, em relação as vítimas fatais”, comentou a delegada.
Rudson foi indiciado por quatro homicídios consumados com duas qualificadoras – por motivo torpe e impossibilidade de resistências das vítimas – além de tentativa de homicídio do pastor da igreja. Se condenado, Rudson pode pegar até 150 anos de prisão. De acordo com o artigo 121 do Código Penal, as penas para homicídio qualificado e tentativa de homicídio qualificado variam de 12 a 30 anos de reclusão. .