Jornal Estado de Minas

Pesquisa aponta que mulheres são mais afetadas pelo vírus da dengue


Uma pesquisa realizada na Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) aponta que as mulheres foram mais as atingidas pelo vírus da dengue nos últimos anos. Durante o período analisado, o estado registrou cerca de cem casos a mais em mulheres do que em homens. O levantamento leva em consideração os dados do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan) de 2010 a 2016.

De acordo com a médica Farley Liliana Romero Vega - que apresentou o estudo como tese de doutorado no programa de pós-graduação em Ciências da Saúde de Infectologia Tropical - as mulheres estão mais suscetíveis ao vírus, já que permanecem mais tempo dentro de casa. O mosquito Aedes aegypti tem característica domiciliar. 

Todo o estudo é baseado em comparações entre dados mineiros e colombianos, nacionalidade da pesquisadora. Minas Gerais e Colômbia apresentam em comum o período de epidemia da doença, que ocorre a cada três anos, com picos nos três primeiros meses. 


Na colômbia é diferente…


Conforme dados do Sistema Nacional de Vigilância em Saúde Pública (Siviglia), os homens do país vizinho são os que apresentam a maior taxa de mortalidade envolvendo doenças relacionadas à dengue. O índice estaria associado à demora dos infectados em iniciar o tratamento adequado dos casos, que acabam evoluindo para outras complicações.

Maioria dos casos de dengue ocorrem no meio urbano - Foto: Zac Declerck/Flickr

Comparando o número de mortes entre os dois locais, a Colômbia se apresenta como mais letal. Enquanto Minas teve 801 notificações de 2010 a 2016, o país vizinho registrou 1.500 casos - 699 a mais.  

“Em Minas Gerais, houve mais casos do subtipo 1 e 4; na Colômbia, os casos mais letais foram pelos sorotipos 2 e 1, no período de estudo. Ainda nos achados da pesquisa, foi observado que essa diferença também está relacionada à resposta imunológica da população frente às novas infecções e à falta de registros da doença por não terem sido diagnosticadas corretamente”, explica a médica.


Fator urbano 

Em Minas Gerais, 88,6% dos casos graves de dengue ocorreram no meio urbano. De acordo com a pesquisadora Liliana Vega, os surtos estão associados ao fato de o vírus se manter na natureza mesmo nos intervalos entre as epidemias, com possibilidade de circulação conjunta dos quatro sorotipos da doença.

Ainda de acordo com a pesquisadora, outros fatores presentes nos dois territórios são a existência contínua do vetor transmissor, que se adapta rapidamente às áreas urbanas, as coinfecções de difícil diagnóstico e a baixa imunidade da população.

(Com informações da Universidade Federal de Minas Gerais)

*Estagiário sob supervisão da editora Liliane Corrêa
.