Jornal Estado de Minas

Corpo encontrado completo em Brumadinho é identificado; saiba detalhes das buscas

Buscas com o apoio de máquinas em Brumadinho - Foto: Corpo de Bombeiros/Divulgação
Os bombeiros deram detalhes da vítima encontrada após mais de 130 dias de buscas em Brumadinho. O corpo foi encontrado na última terça-feira, na área atingida pelos rejeitos do rompimento da barragem da mina do Córrego do Feijão. A vítima, Cristiano Jorge Dias, de 42 anos, era funcionário de uma empresa terceirizada da Vale. 

De acordo com o Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais, o corpo foi encontrado entre sete e nove metros de profundidade, o que surpreendeu a corporação. “Acreditamos que o corpo tenha parado em uma pilha de minério, e no momento que bateu nessa estrutura, acabou não sendo levado para frente, por isso a gente acredita que acabou sendo mantido em condição mais adequada de preservação”, afirma o tenente Pedro Aihara.

Cristiano foi localizado por volta das 8h da terça-feira, na região do Terminal de Carga Ferroviário 3 (TCF 3). Pelo caminho percorrido pela lama, o terminal está localizado antes da área administrativa, frente de trabalho mais próxima do local do rompimento. 

De acordo com o tenente, ainda podem ser encontrados mais corpos na mesma área. “Existe a possibilidade de encontrar outros três corpos que possam estar nessa região. Estimamos isso pelo cruzamento de dados em relação onde as pessoas estavam”, conta.

O corpo foi entregue ao Instituto Médico Legal (IML) faltando o membro inferior direito, que foi entregue separadamente. Nesta quarta-feira, será realizado um exame para tentar descobrir se é compatível.
“É possível que seja do corpo, mas não podemos afirmar”, disse o superintendente de Polícia Técnico-Científica, Thales Bittencourt.

De acordo com o médico legista, o corpo teve que passar por algumas etapas até a identificação. “Tinha uma tatuagem no ombro, mas não ajudou a identificação, tendo em vista que não conseguimos ver imagens prévias para comparar. Tentamos a necropapiloscopia para tentar fazer identificação biométrica e não foi possível. Foi passado então para a odontologia legal, que comparou a arcada dentária do cadáver com o material radiográfico odontológico obtido pelo IML”, explicou Thales.

Serviço de inteligência

O Corpo de Bombeiros esclareceu que a identificação só foi possível por causa do serviço de inteligência, "a partir do cruzamento de dados de vítimas, relatos de quem trabalhava e vivia em locais próximos e também com estudo dos fluxos de lama. Dessa forma a gente conseguiu restringir esses locais e essas estratégias se mostraram acertadas para fazer a localização desse corpo”, explicou o tenente.

“Além disso, também tem imagens de câmeras de segurança que auxiliam. Pelo nível de detalhamento com ajuda da população, já temos o perfil de cada uma das 24 pessoas que permanecem desaparecidas”, completa.

Operação Brumadinho 

A operação de resgate em Brumadinho, na Região Metropolitana de BH, chega ao 132º dia de trabalhos com índice de 91% de vítimas localizadas.

“Isso em níveis mundiais é impressionante. Para que as pessoas tenham ideia, na tragédia do World Trade Center, que era um volume de escombros que correspondia a 10% do volume de rejeito que a gente está trabalhando, e numa área que equivale a ¼ do que estamos trabalhando, eles conseguiram atingir somente 60% de localização dessas pessoas”, lembra o tenente Aihara.

A operação não tem previsão para término.
Nesta quarta-feira, 151 bombeiros militares atuam nas buscas, com ajuda de três cães. 
 
* Estagiária sob supervisão da subeditora Ellen Cristie. 
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