O Quilombo dos Luízes será palco, neste sábado, da primeira exibição de filmes da 3ª Mostra CineAfroBH: Quilombos urbanos, fé e cultura, evento que tem o objetivo de difundir e incentivar a produção audiovisual de realizadores afro-brasileiros.
Entre as 18h e 21h, serão transmitidos três filmes, sendo que um deles retrata a vida das matriarcas Dona Maria Luzia, Maria Lucia e Júlia - homenageadas por suas atuações culturais e sociais na condução da comunidade, localizada no Bairro Grajaú, na Região Oeste da capital mineira. A pipoca durante as sessões será gratuita.
“Eles sempre falam por nós”, de Carina Aparecida, é um documentário que volta o olhar para o quilombo cercado por concretos e edifícios. O que antes era rio, hoje é avenida que corre acelerada, invadindo um território ancestral.
Nascidas dessa terra, as senhoras têm as vidas e os corpos atravessados pelo quilombo e narram, ao longo do documentário, suas memórias e sonhos, em resistência à história oficialmente contada.
Em 2018, o Quilombo dos Luízes foi reconhecido pelo Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico (IEPHA-MG) como Patrimônio Cultural no contexto urbano de Belo Horizonte. A comunidade teve origem em 1895 - antes mesmo da fundação da cidade (1897).
Outras produções
As outras duas obras são “Favela em Diáspora”, da mineira Gabriela Matos e “A Grande Ceia Quilombola”, dos maranhenses Rodrigo Sena e Ana Stela.
Na primeira produção, moradores do Morro do Papagaio relatam como o processo de migração compulsória realizado por um projeto da prefeitura provocou uma ruptura em suas histórias. A proposta do filme é de dar voz às memórias de um povo que está à margem do asfalto, mostrando o que resta após uma desapropriação.
Já a obra maranhense retrata a história do Quilombo de Damásio. Doada por um senhor de engenho a três de suas escravas, a terra tem, no cultivo e extração econômica de alimentos, a base de uma estrutura social que privilegia o grupo.
No documentário, parte destes saberes é abordado, mostrando como a comida tem um papel fundamental na coesão do grupo e nas relações sociais presentes.
Bairro Aarão Reis
A 3ª Mostra CineAfroBH não acaba neste sábado. No dia 29 de junho, também entre as 18h e 21h, o Terreiro Ilê Wopô Olojukan transmitirá quatro curtas-metragens que tem como tema a religiosidade.
Tombado em novembro de 1995, como patrimônio Cultural de Belo Horizonte pela Prefeitura Municipal de BH, o espaço é um importante reduto cultural da cidade.
Confira a progração de todo o evento
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*Estagiário sob supervisão da subeditora Ellen Cristie