Um tesouro sacro totalmente restaurado volta a seus altares de origem, encanta a comunidade e valoriza o patrimônio de Catas Altas, na Região Central. Doze peças do século 18, tombadas pelo município e Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (Iepha), foram entregues à Capela Santa Quitéria com celebração festiva que reuniu procissão, missa e reentronização dos objetos de fé.
O trabalho de restauro durou 10 meses, entre 2018 e começo de 2019, sendo realizado no consistório (sala de reuniões) da Matriz Nossa Senhora da Conceição, onde foi montado um ateliê, que ficou aberto à visitação durante todo o período. As peças incluem cinco imagens – de Santa Quitéria, Nossa Senhora do Carmo, São Luís Gonzaga, São Francisco Bórgia e um crucifixo –, seis castiçais e uma pia de água benta.
A equipe de seis profissionais coordenada pelo especialista Roberto Miranda, da Séculus Restauração, atuou com delicadeza diante do ataque de cupins, perda de policromia e de suporte, sujidade e outros fatores. “A única peça que já havia sido restaurada, a Santa Quitéria, nos surpreendeu, pois tinha muita cera de abelha no interior da madeira. Tivemos que remover todo o material, pois comprometia a policromia”, explicou. “O objetivo é restaurar a peça sem que ela perca as características originais”, disse o restaurador.
De acordo com a prefeitura local, o projeto, pioneiro no município e aprovado pelo Iepha, fez parte da primeira etapa do processo de restauração dos bens móveis do município. As obras dessa fase custaram cerca de R$ 208 mil, com recursos provenientes da Compensação Financeira pela Exploração de Recursos Minerais (CFEM).
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Imagens de dois tempos
Em dezembro de 2011, o Estado de Minas mostrou o estado de degradação da Capela Santa Quitéria, em Catas Altas, hoje restaurada. O templo foi construído no século 18 aos pés da Serra do Caraça e sua situação criava um cenário sombrio e de forte contraste na paisagem barroca da cidade. Na época, com autorização do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (Iepha), a prefeitura local instalou uma cobertura de zinco sobre o telhado do templo católico, um dos belos cartões-postais da Estrada Real. Provisória, a estrutura metálica tinha o objetivo de proteger a construção na temporada de chuvas fortes. Felizmente, oito anos depois, o quadro é bem diferente.