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Estado de Minas

Quadrilha chefiada por detento da Nelson Hungria é presa por sequestro de fazendeiro

Cinco pessoas foram presas pelo sequestro de três pessoas em Pitangui. Segundo a polícia, líder usou celular dentro da cadeia para fazer falso anúncio de venda de gado e atrair as vítimas


postado em 12/06/2019 11:53 / atualizado em 12/06/2019 12:50



Cinco pessoas foram presas em uma ação da Delegacia Anti-Sequestro do Departamento Estadual de Operações Especiais da Polícia Civil (Deoesp), frustrando uma ocorrência de extorsão mediante sequestro em Pitangui, Região Central de Minas Gerais. Um grupo criminoso chefiado por um preso da Penitenciária Nelson Hungria, em Contagem, fez um falso anúncio da venda de um lote de bezerras e conseguiu atrair um fazendeiro do Norte de Minas junto com seu filho e um intermediador como vítimas. Vinte e oito casos investigados pela delegacia de janeiro de 2018 até maio deste ano tinham comando ou participação de algum braço de dentro da Nelson Hungria. 

Os três foram para Pitangui na manhã de terça-feira, quando foram recebidos por uma mulher que se disse esposa do dono dos animais. Ela encontrou com as vítimas em um posto de combustíveis e quando seguiam para a suposta fazenda onde estariam as bezerras, o trio foi rendido por dois homens armados que anunciaram o sequestro. 

Delegados falaram sobre a ação em coletiva nesta quarta-feira(foto: Paulo Filgueiras/EM/DA Press)
Delegados falaram sobre a ação em coletiva nesta quarta-feira (foto: Paulo Filgueiras/EM/DA Press)


De acordo com o delegado Ramon Sandoli, titular da delegacia, a Polícia Civil já tinha informação de que a quadrilha chefiada por Breno Henrique Gonçalves de Barcelos, 27 anos, estava planejando um crime de sequestro e por isso os investigadores faziam diversas diligências com o objetivo de descobrir onde o crime seria praticado. 

As vítimas chegaram em Pitangui por volta de 9h30, quando foram atraídas por Daiane dos Santos Marques, de 22 anos. Cerca de 15 minutos depois, os policiais civis chegaram à cidade, mas nesse momento já não encontraram mais o fazendeiro, o filho e a terceira vítima. “A partir daí começamos uma série de levantamentos até identificarmos o cativeiro por volta das 13h45”, diz Sandoli. Com o cativeiro descoberto, a Polícia Civil fez uma entrada conjunta entre os policiais do Deoesp e da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core). Nesse momento, os policiais dispararam contra os bandidos porque Daiane ostentava uma arma representando risco à integridade dos agentes. Ela foi atingida de raspão, assim como Getúlio de Oliveira Santos, 25 anos. Além dos dois, também foram presos Rafael Silva Veloso, 37 anos, e Cristian Yago Faria, 25 anos. 

As vítimas chegaram a fazer a transferência de R$ 85 mil para os bandidos, mas a Polícia Civil conseguiu que o banco bloqueasse a quantia. O valor ficará bloqueado até a conclusão do inquérito para que a Justiça defina se ele retornará para a conta de onde saiu. 

VÍTIMA O fazendeiro, de 64 anos, que foi uma das vítimas, ficou muito emocionado ao relembrar os momentos que passou com o filho e a outra vítima nas mãos dos bandidos. “A gente veio fazer a compra de um rebanho, planejamos com o suposto fazendeiro de olhar o rebanho e fazer a transferência bancária. Na ida para a fazenda nós fomos surpreendidos pelos assaltantes, quando fomos transferidos para os veículos deles, levados para um cativeiro, amordaçados e amarrados uns aos outros”, contou.

 Segundo ele, os criminosos não chegaram a usar de violência excessiva, apenas mencionaram entre eles que poderiam cometer algum ato violento, mas entenderam que era uma estratégia justamente para facilitar a ação e amedrontá-los. A vítima lembrou o momento em que os policiais entraram no cativeiro e os tiros. “A gente pensa em tudo, mas sempre acreditamos que o final seria feliz. Estávamos entregues na mão de Deus. O filho preocupado com o pai e o pai preocupado com o filho, e o nosso amigo que estava sequestrado também”, comentou. 


Entenda o crime

Presos durante a operação em Pitangui, na Região Central de Minas(foto: Paulo Filgueiras/EM/DA Press)
Presos durante a operação em Pitangui, na Região Central de Minas (foto: Paulo Filgueiras/EM/DA Press)


Breno, que chefiava a quadrilha de dentro da Nelson Hungria, se passava por vendedor de gado e disponibilizava um telefone que atendia as chamadas dentro da penitenciária.  Usando um grupo de WhatsApp que concentra compradores e vendedores de gado, ele conseguiu encaminhar vídeos anunciando o suposto lote de bezerras. Ele conseguiu atrair o filho de um fazendeiro no Norte de Minas, que fez a negociação e combinou que o negócio se daria na compra de 120 bezerras a R$ 850 cada uma. A partir daí, eles combinaram de conferir os animais na cidade de Pitangui. 

Para a Polícia Civil, essa é a modalidade que consiste no golpe do falso anúncio. Além desse tipo, uma outra forma muito comum do crime de extorsão mediante sequestro é o chamado crime do sapatinho, em que gerentes de bancos são sequestrados com suas famílias com o objetivo de retirar dinheiro dos cofres das agências bancárias onde trabalham. 

Uma terceira modalidade bastante conhecida do sequestro mediante pedido de resgate por telefone, que era a mais praticada por bandidos durante anos em Minas e todo o Brasil não tem acontecido mais no estado, segundo Ramon Sandoli. “Em outras épocas o Deoesp atuou muito com esse tipo de ocorrência e os bandidos mudaram a forma de atuação”, disse. 


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