A família do suspeito de tráfico de drogas detido em prédio de luxo no Vale do Sereno, em Nova Lima, alugava automóvel para que ele pudesse trabalhar com transporte de aplicativo. No entanto, a despeito da tentativa dos parentes, Guilherme Coelho de Souza, de 26 anos, se valia do esquema de segurança de prédio de luxo na Alameda do Ingá para vender droga sem levantar suspeitas da prática ilícita. “A mãe ficou muito abalada, não quis falar nada. A irmã dele ficou ainda mais arrasada. Ela pagava o aluguel do carro para que ele pudesse trabalhar”, afirmou o delegado da 1ª Delegacia do Departamento Estadual de Prevenção e Repressão ao Narcotráfico, Windsor de Mattos Pereira.
Iniciada em fevereiro, no Aglomerado da Serra, na Região Centro-Sul de Belo Horizonte, a apuração levou investigadores da Polícia Civil até o prédio, em cuja garagem a maconha era comercializada.
"Ele juntava a comodidade com o lucro. Guilherme era o elo do aglomerado com usuários de mais alto padrão aquisitivo. Usuários, muitas vezes, têm medo de ir aos aglomerados, às bocas de fumo, para adquirir droga. E Guilherme conseguia fazer esse elo", informou o subinspetor da 1ª Delegacia do Departamento Estadual de Prevenção e Repressão ao Narcotráfico (Denarc), Gabriel Bacellete.
A Polícia Civil apreendeu 25 quilos de maconha, considerada de alta qualidade, no box que fica na garagem para que os moradores guardem diversos pertences. A polícia também apreendeu uma máquina de cartão, o que indica que a venda não era feita apenas com dinheiro vivo. O condomínio oferece boxes individuais para cada morador. De acordo com a polícia, o box funcionava como uma espécie de cofre.
Ainda de acordo com as investigações, Guilherme atuava com a ajuda de Gabriel de Freitas Vieira Landim, de 22 anos. Os dois foram presos e a polícia investiga outros envolvidos no esquema. Na casa de Gabriel, no Bairro Santo André, a polícia apreendeu 700 gramas de haxixe. Gabriel foi preso por tráfico em 21 de março, mas terminou solto quatro dias depois. Guilherme não tem passagem pela polícia.
Guilherme liberava a entrada de usuários de drogas e de outros traficantes que frequentavam o condomínio para buscar entorpecentes. "Por ser morador, ele tem o controle da garagem. Quando chegava algum carro ligado a venda de droga já esquematizada por WhatsApp, entrava pela garagem e ficava de frente para o box, onde ficava o produto", informou o subinspetor. De família de alto poder aquisitivo, o jovem buscava a maconha no aglomerado para vender em um "local seguro", que era o condomínio no Vale do Sereno.
De acordo com os investigadores, nem a família de Guilherme, tampouco moradores e o porteiro desconfiavam do envolvimento do jovem na comercialização de droga. "Imagina você chegar com seu filho, sua família, e deparar-se com uma transação de droga. Será que o traficante deixaria você ir embora para casa? Será que o traficante não temeria por uma delação?", questionou o subinspetor.
Guilherme e Gabriel foram indiciados e, se condenados, podem pegar de cinco a 12 anos pelos crimes de tráfico de drogas e associação por tráfico.