Feriadão chegando e malas prontas para a viagem... Se o destino é o campo, é bom levar na bagagem uma série de cuidados para evitar a mais nova ameaça no quesito saúde: a febre maculosa. Contra a doença, a chave é a prevenção. Sem repelentes considerados totalmente eficazes contra o carrapato, profissionais da área alertam para medidas simples, relacionadas ao uso de roupas e cuidado com o corpo, capazes de barrar a ação do parasita.
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Apuração sobre surto de febre maculosa em Contagem se estende à Região da Pampulha, em BHAções de combate à febre maculosa em Contagem entram na reta finalContagem confirma o 6º caso de febre maculosa; notificações chegam a 54Casos notificados de febre maculosa sobem para 78 em ContagemRodoviária de BH deve ficar mais movimentada no feriado em relação a 2018Mega-Sena sorteia nesta quarta-feira prêmio de R$ 125 milhõesEmbora mais comum no carrapato-estrela, qualquer carrapato pode transmitir a febre maculosa. Eles permanecem infectados durante toda a vida, em geral, de 18 a 36 meses. De acordo com o Guia de Vigilância em Saúde, do Ministério da Saúde, equinos, roedores (como a capivara) e marsupiais (como o gambá) têm importante participação no ciclo de transmissão da febre maculosa. Há estudos recentes sobre o envolvimento desses animais como amplificadores da doença, assim como transportadores de carrapatos potencialmente infectados. Também são hospedeiros gado, coelho e cães.
O professor de medicina do Centro Universitário UNI-BH Ricardo Fontes, infectologista do Hospital Eduardo de Menezes, ressalta que a proteção mecânica acaba sendo melhor que a química no caso dos carrapatos. “Repelentes que usamos contra mosquitos dão proteção parcial. Embora os carrapatos não gostem muito, eles não são completamente eficazes”, destaca. “É muito difícil ter a doença se o carrapato não ficar grudado por período de seis a oito horas. Por isso, é muito importante a conferência regular do corpo. O contato com o parasita precisa ser prolongado para inocular quantidade suficiente da bactéria para contaminação.”
O médico alerta que no corpo os locais prediletos dos carrapatos são partes onde eles ficam mais apertados e, por isso, podem grudar mais: áreas onde pegam cinto, meia e roupas íntimas, atrás do joelho e orelha, no umbigo e debaixo do braço. “O micuim (parasita em suas fases mais jovens), cuja maior parte é de carrapato-estrela, é arrancado com qualquer esfregada mais forte no banho”, diz Fontes.
ÉPOCA DE RISCO Minas Gerais é um estado endêmico para a febre maculosa, ou seja, a doença é comum e pode ocorrer durante todo o ano. Nos períodos mais secos, de abril a outubro, os casos da doença tendem a aumentar. Até ontem, de acordo com a Secretaria de Estado de Saúde, foram confirmados 15 casos da doença em Minas, dos quais sete resultaram em óbitos (46,7% de letalidade). As mortes ocorreram nos municípios de Contagem (quatro) – que vive surto da doença, com 48 casos suspeitos e seis confirmados –, Belo Vale, Faria Lemos e Raul Soares.
Ricardo Fontes explica que não é comum ter os eventos como o deste ano: a concomitância de doenças transmitidas por mosquito, como dengue e zika, e por carrapato. As primeiras são dependentes de chuva e a maior parte dos mosquitos tem atividades inibidas no frio. Já o carrapato fica na natureza e a chuva atrapalha seu ciclo. “Este ano tivemos um prolongamento do período chuvoso, o que fez mudar a situação”, diz.
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