Na sexta-feira, a faxineira Edi Alves Guimarães, de 53 anos, fez como de costume. Levantou pouco depois das 5h, deixou tudo encaminhado em casa, no Bairro Palmital, em Santa Luzia, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, e saiu para o trabalho, uma empresa no Bairro São Luiz, na Pampulha, na capital. Estava quase chegando ao ponto de descida, quando o veículo no qual estava ficou bloqueado, por volta das 6h30, numa barricada de pneus feita por pessoas que se manifestavam contra o governo na greve geral. Uma hora e meia depois, a família, que acabava de acordar, era surpreendida pela presença de colegas de trabalho de Edi avisando que ela passara mal e havia sido internada. Foi tudo muito rápido. Ontem, quatro dias depois, filhos, netos, parentes e amigos enterravam a mãe de oito filhos, tida como discreta e determinada. A família quer apuração dos fatos.
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Causa da morte de mulher que passou mal em manifestação não foi fumaça de pneusApós morte de mulher, polícia investiga queima de pneus nos protestos de 14 de junhoEm memória a Agatha Félix centenas de pessoas protestam no centro de BHMulher é encontrada morta com sinais de violência no Cemitério da Paz Adolescente apreendido após ataques em Coronel Fabriciano será ouvido pelo MPEngavetamento com seis veículos mata duas pessoas na BR-381“Ela passou mal e ainda conseguiu falar com os policiais. Mostrou o número de telefone do trabalho e pediu para que ligassem avisando”, conta o filho Evandro Santos Guimarães, de 27 anos. Por meio de nota, o Risoleta informou que exames não evidenciaram intoxicação por monóxido de carbono, mas óbito associado a doença cardíaca e neurológica.
Na sexta-feira, o gerente da empresa buscou o marido de Edi, Adeilton Guimarães, de 58, e o levou ao hospital. Evandro desconhece que a mãe tivesse problemas de saúde, salvo hipertensão. A família quer apuração dos fatos e avalia se há um culpado na história. Do legado da mãe, Evandro diz que levará para sempre sua determinação. “Criou oito filhos em condições bem precárias e nos serviu de exemplo. Sempre fez tudo o que pôde para melhorar e, por insistência dela mesma, conseguiu a casa própria”, relata. Avó de seis netos, um dos momentos mais emocionantes do velório foi a reação das crianças – inconsoláveis. “Ela morreu como sempre quis. Dormindo. Falava que não queria dar trabalho para ninguém, ficar aleijada numa cama. Ela partiu com a missão cumprida”, destacou o filho.
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