A física norte-americana Katherine Johnson, de 100 anos, a engenheira computacional Carol Shaw, de 64, também dos EUA, a matemática e escritora inglesa Ada Lovelace (1815-1852) e a atriz e programadora austríaca Hedy Lamarr (1914-2000) têm em comum o fato de terem desbravado o conhecimento, mas sem obter créditos devidos por seus feitos no campo da ciência, muitas vezes vista como “lugar de homem”. Para ajudar a mudar essa visão, inclusive entre meninas que podem vislumbrar um futuro no setor de base tecnológica, desembarcou ontem em Belo Horizonte o projeto “Eu consigo”.
Leia Mais
Aplicativos de transporte mudam relações de trabalho, com perdas e ganhos no mercadoCurso gratuito: plataforma oferece especialização online na área de tecnologia para mulheresEscola voltada para mulheres promove melhorias na carreira e crescimento pessoalAdolescente apreendido após ataques em Coronel Fabriciano será ouvido pelo MP
Tanto homens quanto mulheres podem desenvolver essas competências tão desejadas para quem quer se enveredar pelas ciências, ressaltam. “A Déborah de Mari, do projeto Força Meninas, trouxe essas mulheres cientistas para a dramaturga da companhia. Ela viu como era importante falar das histórias dessas mulheres, que não são contadas. São cientistas com invenções importantes, mas a gente nem imagina.
As mulheres têm a mesma capacidade. A mulher pode ser mãe, se casar e também pode ser cientista. É preciso quebrar esse tabu”, completa Jéssica. O “Eu consigo” pretende inspirar meninas a sonhar alto. “É sabido que, entre o ensino fundamental e o ensino médio, a autoestima das meninas sofre uma queda três vezes maior do que a dos meninos.
DESBRAVADORAS A engenheira norte-americana Carol Shaw foi uma das primeiras desenvolvedoras de jogos eletrônicos. “Pouco se fala sobre isso, que foi uma mulher a inventora de jogos de tiro”, afirma Jennifer. Já a física Katherine Johnson foi responsável por estudos matemáticos essenciais para a corrida espacial. Foi quem desenvolveu cálculos de trajetórias orbitais para os primeiros voos tripulados para o módulo lunar e ônibus espaciais. “Foi uma cientista negra muito importante. Recentemente, o filme Estrela além do tempo contou a história dessas cientistas que atuaram na Nasa.
Nos anos de 1950, quando ainda era vigente a segregação racial nos Estados Unidos, Katherine superou todos os obstáculos provenientes do preconceito de raça e gênero. “É importantíssima. Mulher negra que conseguiu desenvolver cálculos para levar o homem até a Lua”, acrescenta Jennifer. Hedy Lamarr ficou muito conhecida por sua beleza, que emprestou à personagem de Branca de Neve no cinema, mas foi uma programadora muito importante, ajudando a criar as bases para desenvolvimento da tecnologia wi-fi. “As pessoas só se lembram dela pela personagem da Branca de Neve, pela beleza. Ela foi estereotipada por isso, mas por seu grande invento não costuma ser lembrada”, afirma.
Para Jennifer, concentrar os destaques femininos aos atributos físicos é uma forma de limitar o entendimento das meninas. “Elas podem fazer o que quiserem independentemente de serem bonitas ou não. O que é beleza? É um estereótipo que precisa ser quebrado quando se define o que é ser mulher”, diz a artista. E a capacidade sem barreiras é o que demonstra também a história da matemática Ada Lovelace, hoje conhecida como a primeira programadora da história, por ter desenvolvido o primeiro algoritmo – uma espécie de “receita” para a solução de determinado tipo de problema – para ser processado por uma máquina. O espetáculo e o recado agradaram meninas e meninos das escolas públicas que foram assistir à sessão.
'Eu consigo' em Belo Horizonte
» Caravana: Conexão Cultural
» Quando: Até sexta-feira
» Sessões:
Terça a quinta – Teatro (8h30, 10h, 14h, 15h30) e cinema (19h30)
Sexta – Teatro (8h30 e 10h)
» Onde: Parque Lagoa do Nado (Rua Desembargador Lincoln Prates, 904 – Bairro Itapoã, Região da Pampulha)
» Informações: (31) 3277-7321
.