Jornal Estado de Minas

Epidemia de dengue já é a segunda maior da história em Minas


A epidemia de dengue em Minas Gerais já é a segunda maior da história, com 423,3 mil casos prováveis – número que engloba os suspeitos e confirmados. Mesmo apresentando desaceleração, a doença vem batendo recordes. Entre abril e junho, o número de notificações foi o maior dos últimos 10 anos. Nos três meses, quando historicamente a transmissão do vírus diminui, o estado teve 290.516 registros.Belo Horizonte apresentou a maior incidência da moléstia no estado entre 19 de maio e 15 de junho. A situação é ainda mais crítica quando são considerados os óbitos. Já são 86 mortes, sendo que outras 137 ainda são investigadas. Caso se confirmem, 2019 será o ano mais letal da enfermidade transmitida pelo Aedes aegypti em Minas.

Dados do boletim epidemiológico divulgado ontem pela Secretaria de Estado de Saúde (SES/MG) mostram uma queda significativa no número de notificações em junho se comparado com os meses anteriores. Porém, a doença ainda preocupa.
Neste mês, já foram registrados 13.916 casos prováveis, a segunda maior marca no período desde 2010. Fica atrás apenas de 2015, quando houve 14.083 registros. Em abril e maio, Minas já tinha batido o recorde dos últimos 10 anos para esses meses, com 146.046 e 130.554 notificações, respectivamente.

Desde janeiro, são 423.317 casos prováveis registrados em Minas, sendo que em uma semana somaram-se 1.485 novas notificações. O número é o segundo maior da história, atrás apenas de 2016, quando o estado teve 517.830 casos prováveis. Os registros deste ano superaram 2013, quando houve 414.748 notificações.

Os casos em BH já apresentam desaceleração nos últimos 10 dias. Porém, entre 19 de maio e 15 de junho, a situação ainda era crítica. Segundo a SES, nesse período, a capital mineira registrou 17.731 casos prováveis, o que representa uma incidência de 708,79 por 100 mil habitantes.
“Nas duas últimas semanas de maio ainda estávamos com o clima mais quente e com ocorrência de chuva, o que propiciou o surgimento de um maior número de casos. O frio começou a chegar em junho, quando começou a queda no número de novos casos notificados”, explicou Patrícia Merljak Pitno Toledo, gerente da vigilância epidemiológica da Secretaria Municipal de Belo Horizonte (SMSA).

A gerente ressalta que os cuidados contra os focos do Aedes aegypti devem ser mantidos mesmo na época de frio. “O combate ao Aedes é constante independentemente da temperatura, pois hoje o único mecanismo para combater as arboviroses é a eliminação do vetor. Quanto mais se intensificar o combate melhor”, afirma. Segundo ela, uma das justificativas para o aumento dos casos de dengue é a circulação do vírus Denv 2. Nas últimas epidemias, o vírus Denv 1 infectou a população. Por isso, há um grande número de pessoas suscetíveis ao Denv 2.

MORTES O número de mortes em decorrência da dengue aumentou 11,6% em uma semana. Saiu de 77 e passou para 86.
Vale lembra que não significa que os óbitos ocorreram nesse período, mas sim que exames que confirmaram os casos ficaram prontos nos últimos sete dias. Ainda há 137 mortes sendo investigadas. O maior número de mortes foi registrado em Uberlândia, no Triângulo Mineiro. Desde o início do ano, a cidade já confirmou 16 óbitos por dengue. Betim vem na segunda posição, com 13 mortes, seguida de Belo Horizonte, com 12.

Também registraram mortes: Arcos (1), Campos Gerais (1), Contagem (2), Curvelo (1), Frutal (2), Ibiá (1), Ibirité (1), Ituiutaba (1), Jaboticatubas (1), João Monlevade (1), João Pinheiro (5), Juiz de Fora (7), Lagoa da Prata (1), Martinho Campos (1), Monte Carmelo (1), Paracatu (1), Passos (2), Patos de Minas (1), Patrocínio (2), Pitangui (1), Pompéu (1), Rio Paranaíba (1), Sacramento (1), São Gonçalo do Pará (1), São Gotardo (1), Uberaba (2), Unaí (2), e Vazante (2).

Maculosa em Contagem


Chegam a 78 as notificações de febre maculosa em Contagem, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, seis delas confirmadas. Quatro pessoas da lista de casos confirmados morreram. No último balanço, havia 65 registros. Representantes do Ministério da Saúde continuam o trabalho para ajudar no combate à doença. Na quinta-feira, a equipe vai entregar para a Secretaria Municipal de Saúde um estudo sobre as ações que devem ser implementadas na cidade nos próximos meses com o objetivo de conter o surto da enfermidade. Na segunda-feira, técnicos do Meio Ambiente de Contagem iniciaram uma vistoria na mata localizada atrás do Jardim Zoológico de Belo Horizonte, no limite entre os dois municípios, com objetivo de identificar se há bandos de capivaras circulando por lá.
A vistoria não localizou nenhum dos roedores, que são hospedeiros do carrapato-estrela, vetor da doença..