Jornal Estado de Minas

Palhaços do Hahaha levam forró para crianças em mais três hospitais

Sabiá passeou pelas alas pediátricas da Santa Casa de Misericórdia, na Região Hospitalar de Belo Horizonte, levando música para as crianças internadas, muitas acamadas por longo período. Os passarinhos são os palhaços do Instituto Hahaha, que fazem visitas com regularidade e, em junho, transformam os corredores do hospital em arraial: o Harraiá do Hahaha. “No ambiente austero que é o hospital, quem traz alegria oferece conforto ao coração daqueles que sofrem”, afirma o médico da Santa Casa Folmer Quintão Torres.  Mateus Barbosa Ferreira, de 14 anos, diverte-se com os palhaços Mulambinho e Suzette - Foto: Márcia Maria Cruz/EM/DA PRESS


Ontem, os palhaços estiveram na Santa Casa e levaram a festa também para o Hospital das Clínicas. Amanhã, o grupo estará no Hospital da Baleia, e, na sexta, nos hospitais João XXIII e João Paulo II. Com rostos pintados, o tradicional nariz vermelho e jaleco branco, os palhaços cantaram na ala oncológica, nas duas alas ambulatoriais e no Centro de Terapia Intensiva (CTI) da Santa Casa.

O hospital acolhe cerca de 100 crianças de até 17 anos para tratamento de doenças oncológicas, cardíacas e outras enfermidades. A música apareceu para mudar a rotina onde o silêncio é regra. O ritmo escolhido foi o forró.
O som da sanfona e da zabumba foi o convite para que, aos poucos, meninos e meninas deixassem os leitos, saíssem até a porta do quarto, observassem e se rendessem às brincadeiras. Fiéis escudeiras em todo o tratamento, as mães os acompanharam também nessa interação.


Ao ver os filhos sorrindo, emocionaram-se, cantaram junto e tiraram fotos do momento de felicidade.Os versos de Luiz Gonzaga “a todo mundo eu dou psiu, psiu, psiu” entraram em cada fresta dos leitos, enchendo o ambiente de alegria.


A canção prevê: "Tu que cantas, passarinho, alivia a minha dor.” E os sorrisos no rosto de quem está há tanto tempo internado demonstraram que alegria é medicamento poderoso, cujos efeitos não podem ser obtidos com nenhum outro. Os palhaços convidavam: “Olha para o céu, meu amor. Veja como ele está lindo.” Para quem está há meses internado, é bom ver o céu, mesmo que ele seja desenhado pelo encantamento de quem ama as festas juninas. Com duas tranças no cabelo, a menina Ana Carolina de Souza Pereira, de 9 anos, prontamente aceitou o convite, dançou e rodopiou.

“Muito bonito”, disse a menina, que se recorda de quando a festa era na escola.


Quando os palhaços chegaram ao CTI, a música foi cantada baixinho de modo a chamar atenção daqueles que precisam de cuidado intensivo, mas sem causar qualquer estresse. “Vamos bem delicados. Cada espaço pede uma delicadeza. O som baixinho. Aqui no hospital, eles incluem o palhaço no tratamento. É um complemento”, afirmou o gestor de criação e manutenção Eliseu Custódio, cofundador do Instituto Hahaha. Depois de passar por todos os corredores das alas pediátricas, os palhaços fizeram, na antessala dos ambulatórios, uma grande quadrilha, com direito a cumprimento de damas e cavalheiros, ‘passeio na cidade’, túnel e muito balancê.“O efeito é maravilhoso.


O ser humano precisa de arte. Arte é tratamento.

Então, estamos no lugar certo quando estamos no hospital”, completa Eliseu. De presente de aniversário, o instituto ampliará os hospitais atendidos, fazendo visitas terapêuticas também em hospitais para idosos. O pequeno Gustavo, de 3, ficou encantado com os palhaços. No colo do pai, o servidor público Alexandre Marcos dos Santos, de 39, o menino observou as palhaçadas sem dizer nada.


Mas bastou os palhaços virarem as costas para a criança demonstrar todo o encantamento ao pai, que também se emocionou. “As crianças adoram. Gustavo recebeu alta hoje. Estávamos aqui desde sábado para tratar de uma bronquiolite”, contou. E está comprovado que alegria contagia.


Os palhaços, crianças e mães fizeram grande festa - Foto: Márcia Maria Cruz/EM/DA PRESSNão só as crianças entraram nas festas, as mães também se divertiram, as enfermeiras, os médicos e o pessoal que trabalha na limpeza.

Aos poucos veio a gargalhada de Mateus Barbosa Ferreira, que completou 14 anos no sábado. Por causa do tratamento, ele costuma ficar muito tempo internado, dias e até meses. Ele ajudou os palhaços Mulambinho e Suzette a reger a banda de forró. Com um piscadela e o arquear da sobrancelha, ele comandou o início e o fim de cada música em execução.

SETE ANOS O trabalho do instituto completa 7 anos em 9 de julho com mais de 530 mil pessoas alcançadas. O trabalho é feito de forma gratuita para o público, mas não é voluntário. Os artistas contam com colaborações para seguir com a ação. Os interessados podem apoiar a campanha Seja um tijolinho dessa construção, na plataforma da Evoé. O instituto promove intervenções artísticas duas vezes por semana nos hospitais parceiros, fazendo brincadeiras leito a leito. - Foto: Edésio Ferreira/EM/DA PRESS

 

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