O corpo de Carlos Roberto Pereira, de 62 anos, uma das 270 vítimas do rompimento da barragem da Vale em Brumadinho, deverá ser retirado hoje por familiares para o sepultamento, depois de mais de 160 dias da maior tragédia ambiental e humana no Brasil.
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O superintendente explicou que não foi possível colher a impressão digital tendo em vista que não havia as pontas dos dedos para poder coletar, os falanges. "Passamos para o processo de odontologia legal, que é a análise da arcada dentária. Foram feitas fotos da arcada dentária e comparadas essas fotos pelo método de sobreposição no computador com fotos antigas da vítima e com isso foi possível afirmar com precisão que se tratava de Carlos Roberto Pereira, 62 anos", diz.
Para fazer o traçado, os peritos pegam a foto da vítima em vida e depois a comparam com a foto feita do corpo. "É o traçado da linha dos dentes.
O superintendente explicou que o corpo estava preservado por ter tido a decomposição retardada pelo processo de saponificação, que pode ocorrer com corpos soterrados em ambientes úmidos. "A saponificação envolve o processo de proliferação de bactérias nas partes moles do corpo, formando material untuoso e quebradiço que parece um sabão. Daí o nome de saponificação", diz o superintendente.
Até o momento o IML identificou 91,5% dos corpos. Dos 270 desaparecidos, 247 foram identificados. Ainda há 137 segmentos em análise. Desses 30 já tiveram a primeira identificação de DNA e aguardam a segunda, como determina o protocolo legista.
Em outros 30, não foi possível obter o DNA com a tecnologia que o instituto dispõe.