Projeto que limita espaços para a realização de grandes eventos na capital enfrenta prova de fogo para passar em segundo turno. Depois da discussão acalorada que marcou a aprovação no primeiro turno, quatro emendas pretendem acalmar os ânimos. Inicialmente, a proposta ia prejudicar ou até impedir festas importantes do calendário belo-horizontino, como o carnaval. Na sexta-feira, vereadores que assinam a proposta apresentaram complementos deixando regras mais claras, que, segundo eles, flexibilizam a regulamentação como forma de conquistar o apoio do Executivo, garantindo distância de pelo menos 100 metros entre o local do evento e casas de repouso, templos religiosos e hospitais.
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Frio bate novo recorde em Minas; em BH, sensação térmica é de -8°C Onda de frio eleva risco de doenças como a gripe, que já matou nove pessoas em BHConheça a pulseira e o marcador genético que ajudam a salvar vidas de pacientes do SUS em BHMais blocos de rua de BH receberão verba para carnaval 2020; confira a lista Acidentes fecham trechos da BR-381 e deixam feridos na Grande BHNa sexta-feira, uma das emendas acabou com o principal imbróglio e enterrou a ideia de impedir deslocamento ou itinerário que não obedecesse a distância mínima de 200 metros. “O carnaval pode passar na frente de qualquer igreja, o que não concordamos é fazer concentração em frente a ela.
As emendas foram apresentadas pelos próprios autores do PL. A distância foi reduzida. A ideia é que, no segundo turno, seja negociado com o Executivo o distanciamento de 100 metros ou 150 metros, apenas em relação à concentração da multidão, à dispersão e à localização das estruturas (como food trucks, barracas e banheiros químicos). “Ninguém põe palco ou caminhão de som em frente a hospital. Mas queremos garantir essa distância mínima. Com as emendas, o projeto ficou positivo.
A justificativa é de que os eventos oficiais concentram grandes multidões, logo, estabelecer um ponto mínimo para que as pessoas se concentrem evita confrontos, violência e depredações na porta desses locais. “A parada gay acaba na Praça Raul Soares, onde tem uma primeira Igreja Batista da cidade, um patrimônio de BH. Havia três carros de som em frente à igreja, urinaram no muro, jogaram camisinhas dentro dela. Será que podemos evitar a provocação? Não poderia ter essa concentração de pessoas do outro lado da rua?” questiona.
Borja cita ainda caso da Igreja Presbiteriana da Praça ABC, no Bairro Funcionários, que no carnaval do ano passado também sofreu ação de vândalos e este ano teve de ser revestida de tapumes – o local foi palco de concentração e de dispersão de blocos. “É direito constitucional a liberdade oculta e ao culto, assim como o direito ao sossego, à segurança, à saúde à preservação do patrimônio histórico. Cremos que o carnaval não será afetado. É só ter bom senso.”
Outra mudança é que a Prefeitura poderá atribuir caráter de exceção a espaços públicos que tradicionalmente já são de grande concentração popular.
CONTRÁRIOS Os autores do projeto terão que convencer outros vereadores para conseguir a aprovação. Durante a discussão do projeto na quinta-feira houve reação de opositores. Pedro Patrus (PT), Arnaldo Godoy (PT) e Bella Gonçalves (Psol) consideraram que a medida vai tolher manifestações culturais populares e tradicionais na cidade, promovidas inclusive pelas próprias igrejas, e sugeriram a suspensão da matéria para possibilitar mais diálogo entre as partes envolvidas.
Gabriel (PHS) afirmou que o projeto é inconstitucional e delega muito poder ao Executivo, que ficará responsável por definir os locais que poderão receber os eventos. Preto (DEM) e Léo Burguês de Castro (PSL) também se posicionaram contra a medida, que, segundo eles, vai burocratizar e inibir ainda mais a realização de eventos culturais e sociais em Belo Horizonte, que atraem turistas e proporcionam diversão gratuita para a população. Borja alegou, no entanto, que eventos promovidos por entes privados não serão afetados pela norma, que se aplica somente a eventos promovidos pelo poder público. Procurada pela reportagem, a prefeitura disse que só se manifestaria depois da publicação das emendas.
Pelas regras da Câmara, depois de aprovado em primeiro turno, os projetos têm dois dias para ir à plenária do segundo turno. Mas, como houve emendas, elas deverão passar primeiro pela apreciação das quatro comissões por onde o PL 515 tramitou: Legislação e Justiça, Meio Ambiente e Política Urbana; Direitos Humanos e Defesa do Consumidor, e Administração Pública.
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Gabriel (PHS) afirmou que o projeto é inconstitucional e delega muito poder ao Executivo, que ficará responsável por definir os locais que poderão receber os eventos. Preto (DEM) e Léo Burguês de Castro (PSL) também se posicionaram contra a medida, que, segundo eles, vai burocratizar e inibir ainda mais a realização de eventos culturais e sociais em Belo Horizonte, que atraem turistas e proporcionam diversão gratuita para a população. Borja alegou, no entanto, que eventos promovidos por entes privados não serão afetados pela norma, que se aplica somente a eventos promovidos pelo poder público. Procurada pela reportagem, a prefeitura disse que só se manifestaria depois da publicação das emendas.
Pelas regras da Câmara, depois de aprovado em primeiro turno, os projetos têm dois dias para ir à plenária do segundo turno.
Folia embalada a quentão
O mês é julho, o ritmo ainda é da canjica e do quentão, mas a batida já é de carnaval. E ainda teve jogo do Brasil para completar a festa. Ontem, foi dia de aquecimento para a folia, num verdadeiro carnaval julino. Com alas abertas para novos participantes e veteranos, centenas de pessoas se juntaram ontem, no Bairro Prado, na Região Oeste, para aulões gratuitos de percussão e dança de dois blocos que arrastam multidões em Belo Horizonte. No batuque do Baianas Ozadas e do Funk You, foi momento de aprender e de começar a se preparar para a farra de 2020.
A edição de São João do Batidão Folia começou com aulão das alas de dança do Baianas Ozadas e Funk You. Na sequência, teve aulões das baterias, cada qual com sua formação de instrumentos. A do Baianas é voltada para samba-reggae e outros ritmos similares, com caixas, surdos e repiques. Já a do Funk You tem instrumentação de escolas de samba, com tamborins, chocalhos, repiques, caixas e surdos e transmissão da partida Brasil x Peru.
Baianas e Funk You contaram com participações de convidados surpresas e incrementaram aos repertórios canções voltadas para o São João, ritmos de forró fundidos com axé e funk, cada uma à sua maneira. Nos intervalos, DJs garantiram a festa. E no friozinho, opções gastronômicas típicas da época completaram o cardápio da diversão. O Baianas Ozadas, que em fevereiro entra em seu nono carnaval, toca os ritmos da Bahia e misturam sucessos da axé music com hits de sertanejo universitário, funk, forró, pagode, de releituras à base da percussão baiana. Estourou no carnaval de BH em 2012. O Funk You surgiu em 2016 e, no ano seguinte, a turma de amigos que o compunha formou a primeira bateria e se empenhou para criar uma batida inovadora, com instrumentos de percussão de samba em ritmo de funk brasileiro.
Ontem foi o primeiro contato para planejar o carnaval do ano que vem e o início dos trabalhos para fidelizar e gerir as alas. “Os dois blocos conversam há muito tempo. Saíram este ano no mesmo dia e horário, mas cada um tem como mensurar esse termômetro, de quem já está e novos adeptos. O carnaval tem se transformado e tem uma complexidade mutável a cada ano”, afirmou um dos fundadores do Baianas, Géo Cardoso. Indo para seu quarto carnaval, o Funk You, único a tocar o ritmo carioca, tem o desafio de formar uma ala de dança para a próxima folia. Este ano, o bloco ganhou o prêmio de melhor ala de dança, mesmo sem tê-la oficialmente. “Fizemos um bloco inovador que chamou a atenção, o que possibilitou criar um produto para o ano todo”, disse o fundador, Lucas Moraes.
A enfermeira Aline Guimarães Ayala Silva, de 33 anos, estreou no repique, que pretende levar para a avenida ano que vem. O marido faz parte da bateria do Baianas e, agora ela resolveu não só acompanhá-lo, mas também participar. “É uma energia muito boa”, afirmou. O mecânico de aeronave Gabriel Bastos Ferreira Dutra, de 25, saiu este ano no bloco Quando Come se Lambuza e agora quer se 'profissionalizar”. Com o repique em mãos, já se planeja para participar do maior número de blocos possível em 2020. “Sempre foi meu sonho tocar em bateria. Na hora do desfile, não tem explicação. Você vê todo mundo dançando ao seu ritmo e depois se dá conta de que fez parte do carnaval de BH, um dos maiores do Brasil.”
As dançarinas Fabiana Veloso, de 23, e Mariana Cardoso, de 21, estão encarregadas de formar a ala de dança do Funk You. Elas já saíram no bloco como foliãs e este ano foram convidadas para ser porta-estandartes. Ainda não se sabe quantas pessoas vão compor a nova ala. As duas apostam no crescimento dos ensaios e da empolgação dos foliões. “Hoje a galera curtiu bastante. A tendência é só aumentar”, disse Fabiana.
A edição de São João do Batidão Folia começou com aulão das alas de dança do Baianas Ozadas e Funk You. Na sequência, teve aulões das baterias, cada qual com sua formação de instrumentos. A do Baianas é voltada para samba-reggae e outros ritmos similares, com caixas, surdos e repiques. Já a do Funk You tem instrumentação de escolas de samba, com tamborins, chocalhos, repiques, caixas e surdos e transmissão da partida Brasil x Peru.
Baianas e Funk You contaram com participações de convidados surpresas e incrementaram aos repertórios canções voltadas para o São João, ritmos de forró fundidos com axé e funk, cada uma à sua maneira. Nos intervalos, DJs garantiram a festa.
Ontem foi o primeiro contato para planejar o carnaval do ano que vem e o início dos trabalhos para fidelizar e gerir as alas. “Os dois blocos conversam há muito tempo. Saíram este ano no mesmo dia e horário, mas cada um tem como mensurar esse termômetro, de quem já está e novos adeptos. O carnaval tem se transformado e tem uma complexidade mutável a cada ano”, afirmou um dos fundadores do Baianas, Géo Cardoso. Indo para seu quarto carnaval, o Funk You, único a tocar o ritmo carioca, tem o desafio de formar uma ala de dança para a próxima folia. Este ano, o bloco ganhou o prêmio de melhor ala de dança, mesmo sem tê-la oficialmente. “Fizemos um bloco inovador que chamou a atenção, o que possibilitou criar um produto para o ano todo”, disse o fundador, Lucas Moraes.
A enfermeira Aline Guimarães Ayala Silva, de 33 anos, estreou no repique, que pretende levar para a avenida ano que vem. O marido faz parte da bateria do Baianas e, agora ela resolveu não só acompanhá-lo, mas também participar. “É uma energia muito boa”, afirmou. O mecânico de aeronave Gabriel Bastos Ferreira Dutra, de 25, saiu este ano no bloco Quando Come se Lambuza e agora quer se 'profissionalizar”. Com o repique em mãos, já se planeja para participar do maior número de blocos possível em 2020. “Sempre foi meu sonho tocar em bateria. Na hora do desfile, não tem explicação. Você vê todo mundo dançando ao seu ritmo e depois se dá conta de que fez parte do carnaval de BH, um dos maiores do Brasil.”
As dançarinas Fabiana Veloso, de 23, e Mariana Cardoso, de 21, estão encarregadas de formar a ala de dança do Funk You. Elas já saíram no bloco como foliãs e este ano foram convidadas para ser porta-estandartes. Ainda não se sabe quantas pessoas vão compor a nova ala. As duas apostam no crescimento dos ensaios e da empolgação dos foliões. “Hoje a galera curtiu bastante. A tendência é só aumentar”, disse Fabiana.