Jornal Estado de Minas

Ouro Preto prepara festas para celebrar marcos históricos e entra na reta final de obras

Intervenções para instalação do Museu Boulieu, que podem ser acompanhadas por visitantes - Foto: Jair Amaral/EM/DA Press

Ouro Preto, na Região Central do estado, completou ontem 308 anos de elevação a vila do ouro, um marco na sua história, com boas notícias para o patrimônio cultural e largada para duas grandes comemorações em 2020: quatro décadas de reconhecimento como Patrimônio da Humanidade, pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), e tricentenário da Sedição de Vila Rica, episódio que significa também o início de Minas Gerais. “Estamos em entendimento com o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), responsável pelo tombamento do Centro Histórico, e outras instituições municipais e estaduais para uma programação conjunta”, informa o secretário municipal de Cultura e Patrimônio, Zaqueu Astoni Moreira, presente à missa festiva na capela de Santana, no Paço da Misericórdia. 


Dentro de dois meses, adianta Zaqueu, será encerrada a primeira etapa do restauro da Matriz de Santo Antônio, no distrito de Glaura, cuja comunidade está envolvida há anos na defesa do templo do século 18, antes em avançado estado de degradação. Também em setembro, termina a obra civil do prédio (veja o quadro) que sediará o Museu Boulieu – Caminhos da Fé, distante 100 metros da Praça Tiradentes e com acervo exposto de forma permanente para mostrar a coleção de 1,2 mil peças brasileiras e de outros países doada pelo casal franco-brasileiro Maria Helena e Jacques Boulieu. A expectativa é de que o equipamento cultural abra as portas no primeiro semestre do ano que vem.

“São muitos eventos importantes para a história de Ouro Preto, de Minas e do país, por isso vamos envolver todos os segmentos da sociedade, principalmente em programas de educação patrimonial”, disse Zaqueu. As obras do Museu Boulieu, por exemplo, podem ser acompanhadas por estudantes, professores, pesquisadores, pessoas interessadas em cultura e os visitantes, desde que com agendamento. Os recursos para a intervenção demandaram investimentos da ordem de R$ 8 milhões, da Vale, via Lei Rouanet, com acompanhamento do Iphan.



GLAURA A comunidade do distrito colonial de Glaura se mantém firme e vigilante diante da obra de restauro da Matriz de Santo Antônio, fechada em 2016 devido ao seu risco de desabamento.
De acordo com a Prefeitura de Ouro Preto, a restauração dos elementos artísticos será feita posteriormente – o serviço precisará de mais R$ 3 milhões, os quais ainda precisam ser liberados pelo governo federal, via Programa de Aceleração de Crescimento (PAC) das Cidades Históricas. A primeira etapa foi viabilizada via termo de compromisso firmado entre a autarquia federal e a Vale, que contratou uma empresa para execução dos serviços por cerca de R$ 1,4 milhão.

Na primeira etapa, o templo barroco recebeu serviços emergenciais, como instalação de drenos em toda a construção para que auxilie o escoamento da água; rebaixamento do piso na parte de dentro da construção, com retirada das cerâmicas antiga; estabilização da estrutura externa e troca do telhado, substituindo madeiras e telhas que não estavam em bom estado e reforçando as estruturas atuais, além da revisão de para-raios. Fendas e trincas também foram preenchidas.

Além das reformas estruturais, informam os especialistas da prefeitura, ocorre o monitoramento arqueológico, pois, com o rebaixamento do solo, foram encontrados fragmentos de ossos e uma espécie de antiga divisória de terrenos dentro do espaço interno da construção. Para a moradora Ailza da Silva, a obra é um sonho: “A a gente dormia, acordava e o espaço da Igreja não podia ser usado. Então, começarmos a frequentar e acompanhar as reuniões do projeto e vimos que a obra estava se desenvolvendo”.


Zaqueu explicou que se trata de um exemplo de sucesso nacional de uma colaboração participativa da comunidade. “Posso dizer que temos um projeto participativo, porque a comunidade acompanhou cada etapa dele. Tínhamos reuniões periódicas em Glaura e a população pôde acompanhar o dia a dia de todos os desafios de um projeto dessa magnitude.

Obras e festa


1) Ano de comemorações

» Em 2020, Ouro Preto completará 40 anos de reconhecimento, pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), como Patrimônio da Humanidade. A cidade mineira foi a primeira do país a receber tal honraria.

» Também em 2020, serão lembrados os 300 anos da Sedição de Vila Rica, cujo protagonista, Filipe dos Santos (1680-1720), se revoltou contra a cobrança de impostos pela Coroa portuguesa e foi condenado à morte. O episódio marca também os 300 anos de Minas Gerais. O antigo povoado foi elevado à condição de Vila do Ouro em 8 de julho de 1711

2) Obras em andamento

» Em setembro próximo, terminam as obras civis no prédio (antigo asilo componente do Paço da Misericórdia), no Centro Histórico, que abrigará o Museu Boulieu – Caminhos da Fé. Em exposição permanente, a coleção de 1,2 mil peças brasileiras e de outros países doada pelo casal franco-brasileiro Maria Helena e Jacques Boulieu

» Também em setembro, termina a primeira etapa das obras emergenciais na Matriz de Santo Antônio, ícone histórico do distrito de Glaura. Para terminar todo o serviço, serão necessários mais R$ 3 milhões.
A comunidade acompanha com atenção e entusiasmo.
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