As medidas de segurança realizadas pela Coordenadoria Estadual de Defesa Civil (Cedec) devido ao risco de rompimento da Barragem Mina Serra Azul, em Itatiaiuçu, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, continua. O prazo para a retirada dos moradores que foram incluídos na zona de perigo após um novo estudo de onde os rejeitos chegariam, terminou. Ao todo, nove grupos familiares terão que deixar as casas, outras 10 poderão ficar, mas parte do terreno está sendo interditado.
Em 8 de fevereiro, quando o nível de emergência que retrata a segurança da barragem aumentou de 1 para 2 em uma escala que vai até 3, 48 famílias, ou 159 pessoas, tiveram de sair de suas casas na região do Bairro Pinheiros. Desde então, de acordo com a ArcelorMittal, o monitoramento foi ampliado para incluir medidas adicionais, como acompanhamento por vídeo 24 horas, vigilância via radar, monitoramento sísmico, inspeções por drone e automação dos dispositivos de medição de nível do reservatório.
A empresa assinou com o Ministério Público de Minas Gerais termo de ajustamento de conduta (TAC), comprometendo-se a refazer o estudo que avalia os impactos de um possível rompimento de barragem, conhecido como dam break. A nova pesquisa indicou que 23 casas seriam atingidas. Porém, segundo a Cedec, seis imóveis foram descartados por estarem em áreas seguras, e outras duas foram incluídas. Com isso, 19 residências seriam afetadas.
O prazo para as medidas serem tomadas se encerrou nessa terça-feira. De acordo com a Cedec, sete famílias já foram retiradas e levadas para novas residências. Destas, seis foram alugadas. Um grupo familiar foi para casa de parentes. Duas famílias ainda estão em processo de deixar os imóveis, com previsão de finalização nesta quarta-feira.
Sonho interrompido
O Estado de Minas esteve na casa de famílias que foram evacuadas. Uma delas é Tânia Regina Magalhães. Ela se mudou há oito anos para o imóvel, onde morava com a filha de 15 anos, a irmã e o pai na Rua João Daniel de Paula, com 2 mil metros quadrados e 14 cômodos. “Compramos o lote em 1997, com uma casa de adobe. Desde então, fomos construindo tudo”, contou a fotógrafa, com os olhos marejados.
No terreno, há um tanque para peixes e vivem dezenas de animais domésticos, como cães, gatos e galinhas. As mudanças no imóvel ainda estão em andamento. A mais recente foi como a realização de um sonho para Tânia: a construção de um estúdio de fotografia. “Investi R$ 15 mil nesse projeto e não sei como vou fazer. É muito difícil esta situação, ter que deixar minha casa. Não quero ir para um hotel. Preciso de um local amplo para continuar meu trabalho”, afirmou. No estúdio, ela registra imagens de gestantes, debutantes e crianças, entre outros.