Jornal Estado de Minas

Polícia prende avô que abusava sexualmente de netos há 7 anos em BH

Investigação segue para averiguar conteúdo de mídias apreendidas na casa do suspeito dos crimes sexuais contra os próprios netos - Foto: Guilherme Paranaiba/EM/D.A PRESS
Está preso preventivamente à disposição da Justiça, um homem de 75 anos investigado por abusos sexuais cometidos contra seus próprios netos, sendo duas meninas e um menino, no Bairro São Salvador, Região Noroeste de BH, limítrofe com o município de Contagem. Uma das vítimas tem 11 anos e há indícios de que as agressões possam ter começado desde quando ela tinha 4 anos de idade, segundo a Polícia Civil.

A instituição informou que as crianças relataram que os crimes eram praticados na casa do suspeito e que em alguns casos a avó presenciou os abusos. Segundo os relatos das vítimas que foram obetidos com a presença de psicólogos, as crianças não entendiam o que acontecia quando eram mais novas, imaginando até que poderiam ser atos de carinho, uma vez que a avó também chegou a presenciar.

Porém, quando cresceram elas teriam ficado incomodadas e aí passaram a ser ameaçadas. De acordo com a Polícia Civil, o avô dizia que se contassem alguma coisa a mãe delas morreria por doença terminal e o pai tiraria a própria vida. Além disso, ele dizia que elas seriam mandadas separadas para orfanatos. A mãe é saudável e não possui nenhuma doença terminal, segundo a polícia. A denúncia foi feita pela mãe dos três.

"Essa mãe então procurou a polícia, as crianças foram ouvidas por meio de escuta qualificada e relataram que sofriam abusos provavelmente desde os 4 anos de idade, mas não tem como a gente precisar essa data porque é difícil para a criança saber determinar um início de quando isso aconteceu ou quantas vezes pode ter acontecido", diz a delegada Renata Ribeiro, responsável pela investigação no âmbito da Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (Depca).

Delegadas Elenice Cristine (esquerda) e Renata Fagundes deram esclarecimentos sobre o caso na manhã desta sexta-feira - Foto: Guilherme Paranaiba/EM/D.A PRESS

A delegada Renata Ribeiro explicou ainda que já havia um inquérito de responsabilidade da Polícia Civil em Contagem relatado à Justiça sobre os abusos praticados contra as duas meninas.
Porém, a mãe das crianças procurou há duas semanas a delegacia especializada para informar que os abusos se estendiam também ao garoto de 11 anos.

A partir daí, um novo inquérito foi aberto para apurar o crime de estupro de vulnerável contra o menino, que resultou na prisão, hoje, do avô suspeito dos crimes. No caso do garoto, a delegada explicou que ele sofria ameaças inclusive da avó, dizendo que se ele contasse seria taxado de mentiroso. Não foram informados os motivos do fato do avô responder pelos casos que já foram investigados contra as meninas em liberdade.



O caso fez a delegada Renata Ribeiro chamar a atenção dos pais para acompanharem de perto o comportamento dos filhos e estabelecerem relações de confiança sólidas, principais aliadas da Polícia Civil para combater crimes sexuais que acontecem muitas vezes dentro de casa.

"Eu acho que o mais importante é a relação de confiança que o pai e a mãe criam com seu filho. A criança tem que se sentir a vontade para poder relatar para o pai qualquer coisa diferente que tenha acontecido no cotidiano dela. No caso dessas crianças, por exemplo, elas não sabiam que aquela conduta era errada. Elas achavam que aquilo era uma forma de carinho. Mas uma relação de confiança que você cria com seu filho, ele pode se sentir a vontade para relatar aquilo ali.
Essa relação de confiança é essencial, a gente tem que estar próximo dos nossos filhos", afirma a policial. 

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Como aconteciam os abusos


De acordo com a delegada Renata Ribeiro, os depoimentos das crianças, por meio do acompanhamento de psicólogos, apontaram que os abusos aconteciam por meio de toques e até sexo oral. Ainda não há relatos da prática de conjunção carnal, segundo a Polícia Civil.

As crianças passavam muitos períodos com os avós. Uma das razões seria o fato de os pais trabalharem fora. Apesar de não ter sido presa, a avó das crianças também é investigada, pois há relatos e indícios de "omissão relevante" perante aos crimes, segundo a delegada.

Próximos passos da investigação


As investigações seguem para apurar a conduta do abusador. Uma das questões levantadas pela Polícia Civil que criam suspeitas sobre o investigado é o fato de que ele alegou que trabalhou por 40 anos como fotógrafo de crianças a serviço de escolas infantis. Esse fato não comprova nenhum outro crime até o momento, mas para a Polícia Civil não pode ser descartado.

Várias mídias foram apreendidas e serão periciadas, além de telefones celulares, que podem conter material para subsidiar o inquérito.

O crime de estupro de vulnerável prevê pena de 8 a 15 anos de reclusão, mas a pena pode aumentar pela metade se o autor for ascendente da vítima.

O que diz o investigado


O homem de 75 anos admitiu os abusos praticados contra as duas netas mulheres, segundo a delegada. Ele admite, inclusive, que houve ejaculação durante abusos. Ele chegou a dizer que sofreria influências malignas e também tentou jogar a culpa para as próprias crianças, dizendo que elas agiam com provocação. Sobre os abusos praticados contra o neto homem, a ele nega as acusações. .