Os celulares se tornaram alvos cobiçados por criminosos por serem facilmente revendidos. Em tentativa de frear esses crimes, o uso de tecnologias que bloqueiam os aparelhos têm dificultado a revenda dos telefones em mercados de produtos ilegais. O reflexo de algumas dessas iniciativas tem contribuído para queda nas estatísticas de violência. Em Minas Gerais, as ocorrências de roubo de celulares nos cinco primeiros meses deste ano caíram 28% em relação ao mesmo período de 2018, segundo dados da Secretaria Estadual de Justiça e Segurança Pública (Sejusp). O estado conta, há um ano, com uma plataforma on-line que permite às vítimas impossibilitar, com apenas alguns cliques, o acesso dos criminosos a informações pessoais, como mensagens de texto, caminhos salvos em aplicativos de GPS e contas em redes sociais.
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Para o superintendente de Justiça e Segurança Pública, a inutilização dos aparelhos celulares, sem que haja a possibilidade de ativação em nenhuma operadora de telefonia, o dispositivo perde valor no mercado ilegal, o que desestimula a ação de criminosos. Leandro Almeida reforça que o bloqueio tem cobertura em todo território brasileiro e impossibilita também o uso do aparelho em outros países.
A facilidade de comercializar os aparelhos celulares em mercados ilegais impulsiona o crescimento nos números de roubos e furtos, que se tornaram crimes comuns. Para barrar esse tipo de crime é preciso fazer com que o celular roubado perca o valor nas transações ilegais. Na avaliação do superintendente, a queda no número de ocorrências se deve ao conjunto de ações de segurança pública implementadas, como a atuação ostensiva da Polícia Militar de Minas Gerais, que implementou bases móveis em locais onde os roubos são mais propícios, juntamente à medida tecnológica. “A redução deve-se a todas as ações de segurança, como a atuação significativa da PM, e soma-se o aparato tecnológico, convergindo na redução da curva de roubos e furtos”, diz o superintendente.
"Uma semana depois, me ligaram da polícia"
A fisioterapeuta Jessica Ribeiro, de 28 anos, teve o celular roubado em 16 de maio, em Nova Serrana. Ela fez o bloqueio na plataforma e, no dia 24, conseguiu recuperar o aparelho. O celular foi entregue por uma pessoa que havia comprado o aparelho após contato com um vendedor em uma rede social e, depois de efetuar o pagamento, descobriu que o aparelho estava bloqueado, por roubo. “Assim que levaram meu telefone, as pessoas que estavam por perto ligaram para a Polícia Militar.
“Uma semana depois me ligaram da Polícia Civil e disseram que tinham encontrado meu telefone. Disseram que uma pessoa anunciou a venda do meu celular em um grupo no Facebook. Na hora, quem comprou não viu que estava bloqueado. Porém, tentaram colocar o chip e não deu certo aí levaram na Polícia Civil”, afirmou. Jéssica disse que ficou positivamente surpreendida com o serviço do bloqueio e a rapidez com que recuperou o celular.
Para fazer o bloqueio, a vítima do roubo precisa registrar o boletim de ocorrência, documento que será anexado ao pedido na plataforma do Cbloc. Após a etapa de formalizar o boletim, o próximo passo é realizado na página da plataforma da Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública. Além de bloquear o aparelho, a ação contribui para aumentar as chances de o celular ser recuperado. Ter sido identificado e bloqueado facilita no caso de o aparelho ser encontrado pelas autoridades policiais. “O cidadão regista o boletim de ocorrência, entra na plataforma digital, e, em três cliques, fornece o número do telefone, o que permite que a sistema faça o cruzamento.
Atualizações contra clonagem
Todos os aparelhos celulares têm número da IMEI, que é o que a plataforma bloqueia. Porém, para tentar burlar, os criminosos recorrem a diversas estratégias para clonar a identificação. Fazem uso de aparelhos fabricados na China e na Coreia do Sul, que apagam a identificação do aparelho registrado no Cadastro de Estações Móveis Impedidas (Cime), da Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações). A tentativa é burlar o sistema das empresas de telefonia, fazendo com que o aparelho ser reconhecido como válido. No entanto, o superintendente afirma que, em Minas, esse recurso não foi aplicado pelo fato de o sistema no estado ser constantemente atualizado..