Jornal Estado de Minas

Fornecimento irregular de lanches por funerárias provoca polêmica em BH


O fornecimento de lanches por funerárias de Belo Horizonte a pessoas que contraram velórios vem causando polêmica. O serviço é proibido nos cemitérios municipais, mas, mesmo assim, empresas vêm ignorando a lei e fornecendo alimentos que são transportados nos furgões onde são levados os corpos. Prova disso é que autuações da administração municipal vêm aumentando. O Sindicato das Empresas Funerárias e Congeneres do Estado de Minas Gerais (Sindinef) afirma que a prática está suspensa, mas que algumas funerárias podem não ter acatado a determinação. Pondera, porém, que o serviço não é cobrado e foi criado para amparar as famílias que perderam os entes queridos e que fazem a despedida no período noturno, quando as lanchonetes já não estão mais abertas no local.

Um acordo feito entre a prefeitura e a as empresas, em 2016, foi estabelecida algumas regras para o fornecimento do lanche, que deveria ser em quantidade pequena. Eram distribuídos biscoistos, cafés, água, e suco. Porém, a situação fugiu do controle.
Empresas estariam aumentando a quantidade de alimentos e até fazendo reposições. Por causa disso, o número de autuações por parte da prefeitura vem aumentando.

De acordo com o diretor de Necrópoles e de Gestão de Finanças da Fundação de Parques Municipais e Zoobotânica, Wellington Correa, as empresas flagradas podem até terem os serviços suspenso. “Estamos notificando as funerárias que estão fazendo isso. Podemos até suspender os serviços das funerarias nos cemitérios públicos. Isso não aconteceu, pois não temos um flagrante veemente. Podemos dizer que elas estão tendo 'cuidado' de esconder esta prática”, afirmou.


Segundo ele, as empresas chegam a, até, fazer reposição dos alimentos. “Arranjaram uma outra maneira de entregar o lanche escondido e, no momento que chega os entes queridos, entregam o lanche nas mãos das pessoas. Em alguns casos fazem reposição.  A gente notifica a funerária, não tenho condição de tomar o lanche da pessoa, seria uma grosseria e é ilegal”, disse.

Uma das dificuldades encontradas pela Prefeitura é justamente na fiscalização. “Quando nós somos chamados pelas pessoas que estão sendo incomodadas, tomamos as providências das notificações. Estamos em uma posição proativa de conversar primeiro antes de medidas drásticas. Mas a maioria das funerárias têm entendido e diminuído os lanches”, comentou.

Os serviços irregulares foram denunciados pela Comissão de Administração Pública, da Câmara Municipal de Belo Horizonte.
Os vereadores fizeram uma visita ao Cemitério da Paz e receberam reclamações por parte de funcionários de uma lanchonete instalada no local. A Prefeitura ressalta que a situação acontece nos quatro cemitérios municipais: da Paz, Bonfim, Saudade e Consolação.

Ajuda aos familiares


A prática de fornecimento de lanches aos familiares que perderam parentes e/ou amigos não é nova. Segundo o Sindicato das Empresas Funerárias e Congeneres do Estado de Minas Gerais (Sindinef), há pelo menos 15 anos o serviço é feito, mas que nos últimos cinco anos está mais constante. O presidente da instiuição que representa a categoria, Daniel Pereirinha, afirma que a alimentação não é paga e foi criada para amparar as famílias. Além disso, ressalta que o serviço está suspenso e que empresas podem não está cumprindo a determinação.

“Os laches não são vendidos. É uma cortesia que a empresa oferece. Identificamos a necessidade das famílias durante a noite, quando as lanhconetes estão fechadas. Então, é fornecido uma quantidade reduzida para as pessoas mais próximas passarem a noite nos velórios.
Infelizmente, algumas das empresas saíram da quantidade que foi determinado, então, em comum acordo, nós divulgamos que estaria suspenso qualquer tipo de lanche”, disse Pereirinha.

O diretor de Necrópoles e de Gestão de Finanças da Fundação de Parques Municipais e Zoobotânica, Wellington Correa, rebateu o sindicato. Segundo ele, as irregularidades estão sendo constadas durante o dia.   

O presidente do Sindinef afirma que não recebeu nenhuma notificação sobre as empresas que estariam sendo autuadas pela Prefeitura. “O Sindicato fez a parte dele. Divulgou a notificação da prefeitura que o fornecimento do lanche está suspenso”, comentou. .