No dia em quem foram completados seis meses do rompimento da barragem da Vale, que deixou 248 mortos e 22 desaparecidos em Brumadinho, na Grande BH, uma companhia de dança formada por moradores da região recontou o desastre no palco para mais de 10 mil pessoas e venceu uma das categorias do Festival de Joinville. Ele é considerado a maior competição de dança do mundo desde 2005, quando foi reconhecido pelo Guinness Book.
A apresentação começa com 22 bailarinos no palco e, ao final, 45 pessoas representavam a cidade de Paraopeba, cujo rio de mesmo nome foi comprometido pelos rejeitos da mineração. Alan Keller convidou moradores da população ribeirinha, afetados pelo crime ambiental, para compôr o grupo. “Tínhamos o dever de contar essa história que mudou a vida de milhares de pessoas”, disse. Eles dançaram ao som de uma versão do Hino Nacional feita especialmente por Chico Lobo e Sérgio Pererê, com produção de Ricardo Gomes.
Tricampeonato
Este é o terceiro prêmio consecutivo da Cia Jovem de Paraopeba nessa categoria Festival de Joinville, feito inédito na competição. Trabalhando com temas fortes, a companhia ganhou em outra ocasião com uma coreografia que retratava a guerra na Síria.
Os bailarinos voltam ao palco no sábado para a noite dos campeões e também foi indicada como melhor grupo do festival.
História
O projeto começou em 2005 na intenção de oferecer aulas gratuitas de dança para jovens entre 13 e 18 anos de escolas públicas. Com o passar dos anos, os alunos foram se profissionalizando e os artistas foram ganhando reconhecimento no mercado. Atualmente, a Cia Jovem de Paraopeba é referência na formação de bailarinos e atua em três frentes de trabalho: a Paraopeba Cia de Dança (grupo profissional) composto por nove bailarinos, a Cia Jovem de Paraopeba (nível profissionalizante), que tem 30 alunos e o Dança Paraopeba, com 80 crianças. A Prefeitura de Paraopeba também apoia o grupo.