Jornal Estado de Minas

Violência no trânsito: 53% dos acidentes em Minas envolvem motoristas entre 18 e 34 anos

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Na semana em que são lembrados os dias do motorista e do motociclista, uma constatação preocupante mostra que ainda há muito pouco o que se comemorar quando o assunto é a violência no trânsito. Dados do Seguro de Danos Pessoais Causados por Veículos Automotores de Vias Terrestres (Dpvat) apontam que, em 2018, a maioria das indenizações relativas aos condutores dos veículos pagas por morte, invalidez e despesas hospitalares estão relacionadas a acidentes envolvendo jovens no Brasil.

De acordo com a Seguradora Líder, que administra o Dpvat, dos mais de 191 mil motoristas indenizados ano passado, cerca de 103 mil tinham entre 18 e 34 anos, o que corresponde a 54%. Em Minas, o percentual é de 53%. Entre esse público, outra constatação retirada das estatísticas indica onde está o perigo: no Brasil as motos estavam presentes em 83% dos acidentes que receberam indenizações com jovens. Eles também lideram a quantidade de pagamentos exclusivamente por morte. As 15 mil indenizações para familiares desse público em 2018 representam 39% de todos os pagamentos.

Em Minas Gerais, foram quitadas, em 2018, 4.127 indenizações por morte no trânsito. Desse total, 1.482 (ou 35%) se referiam a jovens de 18 a 34 anos.
Minas fica atrás de São Paulo, que ocupa a primeira posição, com 2.177. A frota mineira também ocupava o segundo lugar no ranking em dezembro de 2018, perdendo para São Paulo. Quando o assunto são as indenizações de jovens envolvidos em acidentes de moto, esses pagamentos superam em muito a relação desse público com os carros. Enquanto em Minas o número das indenizações é cinco vezes maior para as motos, no Brasil chega a seis vezes mais.

A combinação de jovens e motocicletas envolvida nos acidentes é bastante observada no dia a dia dos inquéritos policiais instaurados pela Divisão Especializada em Investigação e Prevenção de Crimes de Trânsito da Polícia Civil, segundo o delegado Pedro Ribeiro. Ele conta que a cada 10 relatórios concluídos relativos a investigação de acidentes, entre cinco e seis contam com o envolvimento de motos e o público está quase sempre na faixa de 18 a 34 anos. “Pelo valor da motocicleta e pela simplicidade de se obter, fica mais fácil para os jovens. Uma pessoa de 18 anos que já trabalha consegue pagar o financiamento de uma moto e dificilmente teria condição de pagar o de um carro”, afirma o delegado.

A partir desse contexto, o policial diz que uma série de fatores contribuem para os desfechos muitas vezes trágicos.
Na prática é muito comum o envolvimento de pessoas inabilitadas, até menores de idade em algumas situações. Ele também pontua que as motos são mais vulneráveis, a manutenção muitas vezes é precária e o treinamento para tirar carteira de moto é inadequado. “Você faz o teste em uma pista e não passa de primeira marcha. Essa não é a realidade encontrada nas ruas”, acrescenta.

Para atacar esse problema, o delegado aposta que só a educação é capaz de surtir efeito positivo. Ele defende que os assuntos relativos ao trânsito estejam em uma disciplina obrigatória nas escolas. “Precisamos de respeito às regras ainda como pedestres e depois como condutores. Falta isso nas escolas, faltam palestras. Se os jovens saíssem da escola com essas regras internalizadas seria muito mais fácil de serem bons condutores”, completa.



FORMAÇÃO DEFICIENTE

Na avaliação do superintendente de Operações da Seguradora Líder, que administra o Dpvat, Arthur Froes, é necessário melhorar a formação nos centros de condutores.
"Os números indicam a importância de se investir na conscientização dos jovens durante o período de formação nas autoescolas. É fundamental que os recém-habilitados deixem as escolas de direção cientes das normas de segurança e legislação de trânsito. Além disso, é essencial o respeito a essas regras e também a atenção ao volante, uma vez que os dados da Polícia Rodoviária Federal mostram que a falta de atenção dos condutores foi a principal causa dos acidentes no ano passado", afirma.

O Seguro Dpvat é uma taxa de pagamento obrigatório para o licenciamento de veículos no Brasil. Ele pode ser destinado a qualquer pessoa que sofrer acidente no Brasil, seja motorista, passageiro ou pedestre, e oferece três tipos de coberturas: R$ 13,5 mil para morte, até R$ 13,5 mil para invalidez permanente e até R$ 2,7 mil para reembolso de despesas médicas e hospitalares da rede privada de saúde. A proteção é assegurada por um período de até três anos, o que significa que as indenizações pagas em determinado ano não necessariamente se referem a acidentes ocorridos naquele mesmo ano.
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