O histórico de violência contra mulher de Paulo Henrique da Rocha, 33 anos, apontado como o autor do assassinato da ex Tereza Cristina Peres de Almeida e o filho dela, Gabriel Peres Mendes de Paula, é extenso. Ele já respondia por cinco inquéritos de violência contra a vítima. Além disso, Tereza tinha três pedidos de medidas protetivas contra ele, sendo que a última foi concedida em março. Mas, foi em abril que Paulo assinou o termo de ciência. Segundo a Polícia Civil, Paulo também teria ameaçado outras duas ex-namoradas, sendo que as denúncias foram feitas pelas vítimas em 2007 e em 2014. A Polícia Civil afirmou que já tinha pedido a prisão do homem neste ano, mas a Justiça teria negado o pedido. A assessoria de imprensa do Fórum Lafayette negou a informação.
Buscas estão sendo feitas por Paulo desde a noite dessa segunda-feira, logo depois do crime. Tereza e Gabriel foram mortos por volta das 22h próximo a Avenida Bernardo de Vasconcelos, no Bairro Ipiranga, Região Nordeste de Belo Horizonte. Os dois tinham acabado de sair de uma academia quando foram surpreendidos pelo homem.
Mãe e filho estavam na via quando foram atingidos por vários tiros. Imagens registradas por uma câmera de segurança da região mostram o momento em que o autor do crime atira contra as vítimas. Ele usava uma blusa escura de capuz e fugiu em um sedan de cor preta. Tereza foi atingida por quatro disparos, sendo três no peito e um na cabeça. Já o filho dela morreu com um tiro no ouvido.
Para a Polícia Civil, não há dúvida que o crime foi cometido pelo ex-companheiro de Tereza. “Temos as câmeras e todo o histórico do relacionamento. Independente de testemunhas, é notório e claro o envolvimento dele. Por meio do próprio histórico que ele criou, ameaçando, batendo, todo tido de violência contra a mulher. Ele mesmo assinou a própria sentença”, afirma a delegada Ingrid Estevam, do Núcleo Especializado na Investigação de Feminicídios.
Histórico de violência
Investigações de violência contra a mulher por parte de Paulo já estavam em andamento. Delegadas do Núcleo Especializado na Investigação de Feminicídios, informaram, na tarde desta terça-feira, que cinco inquéritos estão em andamento de crimes praticados pelo homem contra a ex-mulher. Entre os crimes investigados estão ameaça, agressão e danos ao patrimônio.
Além disso, há três medidas protetivas concedidas para Tereza contra o ex. Segundo a Polícia Civil, a última delas foi em abril. Paulo chegou a ir na delegacia para assinar um termo onde demonstra estar ciente sobre a medida. Além disso, outras duas ex namoradas já haviam denunciado ele, em 2007 e 2014, por ameaças.
Segundo a delegada Isabella Franca, da Divisão Especializada em Atendimento à Mulher, ao Idoso e à Pessoa com Deficiência e Vítimas de Intolerância, o histórico de violência contra Tereza já aconteciam há dois anos. “Em novembro de 2017, ela procurou a unidade policial, representou pela medida protetiva. Um inquérito policial foi aberto para investigar a ocorrência de danos e vias de fato. As medidas foram remetidas à Justiça, assim como o inquérito. Tudo indica que ela voltou a se relacionar com este autor. Em 2019, ela procura a undiade policial novamente, solicita medidas protetivas, e também foram instaurados inquéritos policias para apurar. Eram tanto de ameaça quanto lesão corporal, bem como divulgação de fotos íntimas dela”, explicou.
De acordo com a delegada, um pedido de prisão foi feito à Justiça, mas negado. A assessoria de imprensa do Fórum Lafayette negou a informação.
O histórico de violência já tinha sido denunciado pelos familiares das vítimas. Consta no boletim de ocorrência do feminicídio e homicídio, que os parentes contaram que Tereza foi ameaçada pelo ex-marido muitas vezes e tinha várias medidas protetivas contra ele.
Luto
Tereza trabalhava como agente de combate a endemias no Centro de Saúde Dom Cabral, na capital mineira. Por meio de nota, o Sindicato dos Servidores e Empregados Públicos de Belo Horizonte (Sindibel), que representa a categoria, lamentou a morte da mulher. “Neste momento de dor, o SINDIBEL se solidariza com a família, os amigos e os colegas da servidora, mas também chama atenção para o alarmante crescimento de 300% no número de mulheres mortas em Belo Horizonte, neste primeiro semestre, alvos de violência doméstica e familiar, segundo dados da Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública de Minas Gerais”, afirmou.