Uma despedida precipitada ao som de choros e lamentos de familiares e amigos que deram o último adeus a mãe e filho que foram brutalmente assassinados na segunda-feira. Os corpos de Tereza Cristina Peres de Almeida, de 44 anos, e do filho dela, Gabriel Peres Mendes de Paula, de 22, foram sepultados na tarde de ontem, no momento em que era preso Paulo Henrique da Rocha, de 33, ex-marido, apontado como autor do crime que chocou Belo Horizonte.
Uma prisão que não descartou o sentimento de injustiça. “O que ele merece é muito mais do que isso. Ele era para estar preso há muito tempo. Se ele estivesse lá onde devia estar, minha irmã e meu sobrinho não estariam naquele caixão. Mas a Justiça, infelizmente, é inoperante. E vai continuar sendo, pois eles legislam somente em desfavor do povo”, desabafou o irmão da vítima, Hugo Peres de Almeida, de 38, quando recebeu a notícia da prisão. As investigações indicam que o crime foi planejado. Ele foi preso próximo ao Fórum Lafayette depois de rodar por cinco cidades mineiras.
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“Minha filha representava minha vida. Agora só fica um sentimento de injustiça. Esse tempo todo foi um jogando pro outro, polícia, promotor, Justiça. Um absurdo”, disse a mãe. No fim do sepultamento, o irmão agradeceu a todos pelo carinho e apoio que estão recebendo. O pai de Gabriel, segundo sargento da Polícia Militar de Minas Gerais, recebeu o carinho de colegas da profissão. “Estou sendo bem amparado”, disse Osni de Paula Mendes, de 49 anos.
O histórico de violência de Paulo contra a mulheres é extenso. Ele já respondia por cinco inquéritos de violência contra a vítima. Além disso, Tereza tinha três pedidos de medidas protetivas contra ele, sendo que a última foi concedida em março. Mas foi em abril que Paulo assinou o termo de ciência. Segundo a Polícia Civil, Paulo também teria ameaçado outras duas ex-namoradas, sendo que as denúncias foram feitas pelas vítimas em 2007 e em 2014.
'Era para estar preso há muito tempo', desabafou irmão de Tereza ao saber da detenção do ex-cunhado - Foto: Alexandre Guzanshe/EM/D.A Press
A Polícia Civil afirmou que já tinha pedido a prisão do homem este ano, mas a Justiça teria negado o pedido. A assessoria de imprensa do Fórum Lafayette negou a informação.
O histórico de violência de Paulo contra a mulheres é extenso. Ele já respondia por cinco inquéritos de violência contra a vítima.
A Polícia Civil afirmou que já tinha pedido a prisão do homem este ano, mas a Justiça teria negado o pedido. A assessoria de imprensa do Fórum Lafayette negou a informação.
O irmão de Tereza e tio de Gabriel, o motorista Hugo Peres de Almeida, de 38, criticou a demora da Justiça de decretar a prisão do homem. “Minha irmã acreditou na Justiça e mais uma vez ela se mostrou falha. Tanto que hoje ela e meu sobrinho estão deitados no caixão e dali não saem mais, com uma vida toda pela frente”, lamentou.
Os sentimentos da família são os piores. “Só tristeza e dor, porque infelizmente veio um covarde, sorrateiramente, arquitetado, assassinou meu sobrinho e minha irmã cruelmente, sem chance de defesa. E por motivo que é inaceitável” disse Hugo, que foi criado por Tereza e tentava repassar o que aprendeu para o sobrinho.
“Minha irmã me criou, ela era mais velha e sou o irmão caçula. Ela determinou o meu caráter, me deu um bom aprendizado e me fez sentir e dignificar a palavra homem. E meu sobrinho, eu cuidei dele. O que ela fez por mim, eu fiz por ele. Troquei a fralda, ensinei a andar de bicicleta, jogar bola. Se tornou homem de caráter, tanto que com 22 anos já era advogado com OAB e pronto para assumir um cargo com concurso público”, contou o tio de Gabriel.
“Vem um covarde por trás e atira no ouvido dele. E correu atrás da minha irmã e deu um tiro na cabeça dela e três no peito. Depois saiu andando como se tivesse pisado em duas baratas”, desabafou, revoltado.
Um balão foi solto em homenagem ao rapaz assassinado - Foto: Alexandre Guzanshe/EM/D.A Press
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“Minha irmã me criou, ela era mais velha e sou o irmão caçula.
“Vem um covarde por trás e atira no ouvido dele. E correu atrás da minha irmã e deu um tiro na cabeça dela e três no peito. Depois saiu andando como se tivesse pisado em duas baratas”, desabafou, revoltado.