A destruição causada pelo incêndio que deixou preta e cinza uma área de 7,2 hectares da Serra do Curral trouxe para um dos símbolos da capital mineira a devastação crescente que chamas provocadas por causas criminosas levam aos espaços verdes de Belo Horizonte. De janeiro a julho deste ano, os focos de incêndio e calor captados pelos satélites do Programa de Queimadas do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) em BH chegaram a 26. O número é 136% maior que o mesmo período do ano passado, quando foram registrados 11. De acordo com o Corpo de Bombeiros Militar – corporação que previne, monitora e combate os incêndios florestais e queimadas descontroladas – cerca de 99% das causas desse fogo são humanas, sendo a incineração de lixo a principal causa. No local do incêndio que consumiu parte da Serra do Curral na noite de quarta-feira e ontem, a presença de entulhos e lixo é visível nas áreas margeadas pelas ruas que cercam o espaço, sendo que a reportagem do Estado de Minas também identificou restos de fogueiras, garrafas e até vestígios de rituais religiosos.
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A cena de destruição do incêndio que se alastrou nesta semana era desolador.
A vasta linha de fogo se alastrou por um grande trecho da Serra do Curral. Engoliu a mata do Mirante do Belvedere e parte da área limítrofe à mineração Lagoa Seca, seguindo ao longo da Avenida Patagônia, entre os Bairros Sion e Belvedere, na Região Centro-Sul. Ao todo, segundo o Corpo de Bombeiros Militar, foi necessário empenhar três veículos de combate, sendo um caminhão-bomba com capacidade para 5 mil litros e duas caminhonetes adaptadas ao combate, que podem lançar até 600 litros de água cada uma. Foram necessários 12 militares com chicotes e outras ferramentas empenhados numa luta que se estendeu por quatro horas, até a extinção completa do último foco, no início da manhã de ontem.\\\\\\\\\\\
Campanhas
Segundo o tenente Leonan Soares Pereira, comandante do pelotão de combate a incêndios florestais do Batalhão de Emergências Ambientais e Resposta a Desastres, uma soma de fatores tem levado ao aumento de registros de combates pelos bombeiros.
Desde abril a corporação se prepara com treinamentos externos, campanhas nas escolas e empresas, e também catalogando pontos potenciais de risco onde ocorrem mais queimadas devido a fatores diversos. “Nessas zonas mais sensíveis, intensificamos o monitoramento diário e o combate se dá o mais rápido possível”, conta o tenente Leonan.\\\\\\\\\\\
Uma das maiores dificuldades que os bombeiros encontraram para extinguir as chamas do incêndio no Sion e Belvedere, ontem, aflige praticamente todas as áreas da capital mineira, demandando mais militares e empenho prolongado de trabalhos. “O município é muito acidentado. Esse tipo de relevo leva a grandes dificuldades de deslocamento e a formas diferentes de progressão das chamas”, comenta o tenente. No caso da Serra do Curral, vários fatores fizeram com que uma grande área se queimasse em curto tempo. Além de o fogo ter começado na parte baixa da montanha, ganhando velocidade ao se alastrar para o alto, o corredor de vento que se forma ali amplia o alcance a o poder de combustão do incêndio.
Alguns dos fatores de risco que foram alertados pelos bombeiros estavam presentes na área devastada pelas chamas. Debaixo da camada de cinzas estavam garrafas de vidro, que podem se tornar lentes capazes de concentrar a incidência de raios solares e iniciar fogo na vegetação ressecada. Resquícios de rituais religiosos que se utilizam de velas e outras fontes de fogo também levam perigo ao meio ambiente. Pelo menos três fogueiras utilizadas de forma clandestina por quem busca aquele mirante são fatores de risco para iniciar incêndios, sem contar nos vários montes de lixo e entulho depositados irregularmente e queimados de forma criminosa.
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