Prestes a completar cinco anos de obras, a Via 710, ligação viária entre as regiões Leste e Nordeste de Belo Horizonte, se aproxima da Avenida Cristiano Machado e indica avanços depois de uma série de entraves para a evolução da construção. Entre os principais problemas enfrentados desde setembro de 2014, quando a intervenção, que foi pensada para melhorar o trânsito para a Copa de 2014, enfim começou, estão 229 desapropriações referentes a terrenos regulares, e 89 remoções em áreas de ocupação irregular, que foram judicializadas. Mas a obra teve também outros obstáculos que ampliaram o prazo de execução, como árvores tombadas pelo patrimônio histórico e a necessidade de adequação de projeto em virtude da obra de ampliação do canal do Córrego Cachoeirinha. Ainda restam nove desapropriações pendentes e 28 remoções a serem resolvidas na Justiça, mas a redução desse número leva a Prefeitura de BH a estimar que a Via 710 chegará a 80% de conclusão este ano e será inaugurada em dezembro de 2020.
Leia Mais
Bondes em BH: tecnologia resgata histórias do transporte que abandonamosNovas obras na Via 710 causam interdições na Av. José Cândido da SilveiraTrânsito é alterado no Bairro Santa Inês para obras na Via 710Trecho da Via 710 é liberado e causa mudança na entrada do metrô Minas ShoppingPBH e Waze fecham parceria para ampliar informações do trânsito no aplicativoÉ exatamente nesse trecho que será interditado o Córrego Cachoeirinha, curso d'água que junto com o Ribeirão Pampulha forma o Ribeirão do Onça. Segundo Henrique Castilho, que comanda a Superintendência de Desenvolvimento da Capital (Sudecap), o novo canal do Cachoeirinha, que ainda será construído, passará exatamente embaixo do eixo da pista da Via 710, por isso foram necessários fazer estudos para que a futura obra de ampliação do canal do manancial, que é importante para prevenir enchentes na capital mineira, não implicasse destruição do que está sendo construído agora. O superintendente da Sudecap garantiu que agora o projeto desse segmento está 100% aprovado. “Esse trecho do encaixe da Via 710 com a Cristiano Machado deverá ser concluído em junho do ano que vem. Não temos mais nenhum entrave”, afirma Castilho.
Parceria com a iniciativa privada
Por fim, o terceiro ponto que mostra que a obra caminha em direção a um dos principais corredores da cidade é a conexão entre a parte da obra que é responsabilidade da Prefeitura de BH e o trecho que é de empreendedores da região, em contrapartida à instalação de empreendimentos como o Centerminas. Segundo Henrique Castilho, esses empresários tocam a parte da obra que vai do Leroy Merlin até a Cristiano Machado. A reportagem esteve na região e constatou que falta pouco para a junção dos dois trechos. “Nós reassumimos essa obra com 30% de conclusão e vamos até o fim deste ano chegar a 80%”, diz.Outro trecho que vai ficar para 2020, além do encaixe com a Cristiano Machado, é uma parte da Via 710 entre os bairros Horto e Santa Inês, especialmente em um segmento em que várias construções ficarão no meio dos dois sentidos de circulação. Nesse ponto, 18 árvores tombadas pelo patrimônio histórico obrigaram a Sudecap a refazer a geometria da ligação viária para desviar dos espécimes, que não poderão ser cortados. Esse é o principal gargalo da construção, previsto para ser concluído apenas em dezembro de 2020, quando chega ao fim a atual gestão municipal da cidade, do prefeito Alexandre Kalil.
Pendências no caminho da obra
Apesar de a Prefeitura de BH estimar a data de conclusão da obra, é importante destacar que ainda restam nove desapropriações a serem resolvidas na Justiça, das 229 previstas desde o início e que tornaram a retirada de moradores mais cara do que a própria obra. Enquanto são R$ 160 milhões previstos para indenizar moradores que tiveram e ainda terão que sair de casa, a obra em si custa R$ 120 milhões. As nove desapropriações pendentes estão no Bairro Boa Vista, na região bem perto da Avenida dos Andradas. Segundo a Sudecap, há previsão de despachos com o juiz responsável pelos processos ainda esta semana. As desapropriações são feitas quando os moradores estão em terrenos ocupados de forma regular.No caso das ocupações irregulares, normalmente em áreas de vilas e favelas, a PBH faz remoções via Companhia Urbanizadora de Belo Horizonte (Urbel). Porém, nos casos judicializados, que são 89 referentes à Via 710, a Sudecap também acompanha. Desses 89, 30 já foram liberados, 31, referentes à Vila Arthur de Sá, foram cancelados, e restam 28. Quatro estão em um trecho que complica a evolução da obra no Bairro União, colados ao Viaduto Bolívar. Esse elevado é uma das partes da obra, construído para ligar os bairros União e Fernão Dias, na Região Nordeste. Segundo a Sudecap, a possibilidade que está sendo estudada para essas quatro que interferem mais diretamente no andamento da obra é o pagamento de aluguel social para liberação das casas e, posteriormente, o assentamento em prédios construídos pela prefeitura.