Jornal Estado de Minas

Projeto da Santa Casa de BH nas escolas treina professores e pais sobre diabetes

Escola também é lugar de cuidar da saúde. Iniciativa da Santa Casa de Misericórdia de Belo Horizonte entrou nas salas de aulas para capacitar professores, pais e alunos sobre o cuidado com o diabetes e conscientizá-los sobre a doença. Há três anos em ação, o projeto Diabetes nas escolas já mudou a realidade de centenas de pessoas por meio de treinamentos presenciais e on-line. Expectativa é ampliar a rede para todo o país e evitar que estudantes sofram outro duro golpe para além da doença: o sofrimento causado pelo desconhecimento.

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O projeto nasceu em 2015, com financiamento da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig), a partir do resultado de pesquisa que apontou que as escolas municipais de Belo Horizonte não estão preparadas para acompanhar crianças com diabetes tipo 1, o mais grave entre os dois tipos. Ele é diagnosticado quando o pâncreas para de produzir completamente a insulina. É uma doença autoimune, o que significa que o próprio corpo, por meio do sistema imunológico, ataca as células que produzem insulina no pâncreas. Isso faz com que o corpo seja incapaz de controlar a quantidade de glicose no sangue.

O levantamento identificou o desenvolvimento de ações educativas para garantir a segurança durante a idade escolar, além de avaliação da situação escolar no país, onde não há normas estabelecidas para essa realidade. “A equipe escolar – professores, funcionários e dirigentes – precisam estar capacitados para receber o aluno com diabetes em sala de aula. É necessário o conhecimento sobre a doença, hiperglicemia, hipoglicemia e monitoramento das glicemias e, principalmente, as formas de auxiliar as crianças em possíveis situações de emergências”, afirma o texto do projeto.

Ele tem como objetivo capacitar os profissionais das escolas de ensino médio e fundamental e de creches, públicas ou particulares, sobre os cuidados necessários com o aluno com diabetes a fim de que os pais e alunos tenham segurança em relação ao tratamento durante o período escolar; contar com os profissionais das escolas como membros da equipe de tratamento do diabetes; e desmistificar a doença, dando o apoio necessário para que o bullying não ocorra com esses estudantes nas escolas. Também visa orientar todos os alunos e seus pais sobre a importância da prevenção do diabetes e obesidade, além de alertar profissionais de saúde e da educação em relação às dificuldades do aluno com a doença nas escolas.

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Os atendimentos do Centro de Referência Diabetes nas Escolas (CRDE) são prestados por uma equipe interdisciplinar composta por profissionais do mestrado profissional em educação em diabetes do Instituto de Ensino e Pesquisa Santa Casa de Belo Horizonte (o primeiro e único mestrado do país voltado para educação em diabetes) e da Clínica de Endocrinologia do hospital. Outra missão do programa é a prevenção ao tipo 2 da doença, por casa a obesidade infantil, com campanhas de educação alimentar e de exercícios físicos. Presencialmente, foram treinados 250 professores e à distância, mais de 400.

“Estamos tentando expandir esse centro de diabetes para todo o país para unir as pontas: pais, profissionais de saúde e escola”, diz. Segundo Janice, a grande dificuldade na escola não é relação ao tratamento, mas ao preconceito. “Até hoje, crianças são excluídas de festinhas porque acham que não podem comer a mesma coisa. Quando pais relatam que criança tem diabetes, os colégios não querem aceitar matrícula. Crianças fazem xixi no meio da sala porque pedem para ir ao banheiro e beber água e professor acha que tá fazendo manha (excesso de urina e sede são alguns dos sintomas). Se conseguir desmistificar a doença e evitar esses horrores estaremos ajudando muita gente.”

As escolas interessadas em participar podem fazer a solicitação pelo e-mail diabetesnasescolas@santacasabh.org.br ou cadastrar a escola para treinamento diretamente no link do projeto.