Na queda de braço travada com as empresas de ônibus da capital, a Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) elevou o tom e ameaça o caixa das concessionárias do transporte público para pressioná-las a deixar cobradores nos ônibus nos horários obrigatórios.
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De avanço de sinal a travessias de risco: veja maiores ameaças a pedestres em BHKalil determina a contratação de 500 cobradores de ônibus, após ameaçar barrar reajusteSem solução para cobradores, empresas de ônibus de BH lançam novo app para passageirosJustiça determina retorno de cobradores em ônibus urbanos de Governador Valadares“A posição do prefeito Alexandre Kalil é de que não há qualquer possibilidade de aumento de tarifa no fim do ano, se as empresas de ônibus não cumprirem a lei que obriga a operação com cobradores nos horários e dias estabelecidos. A BHTrans está cumprindo o papel dela de fiscalizar e multar já que população de Belo Horizonte não pode ficar prejudicada”, disse o presidente da BHTrans, Celio Bouzada. Nos primeiros seis meses do ano, foram aplicadas 5.098 multas (as multas não pagas estão sendo encaminhadas para a dívida ativa do município). O número corresponde a 54% do total de autuações do ano passado – quantitativo que já era 38 vezes maior do que o índice de 2017, quando houve 245 autuações.
O promotor de Justiça Paulo de Tarso Morais Filho, da área de Defesa do Consumidor, diz que o primeiro passo é fiscalizar o cumprimento ou não da legislação.
O MPMG tem uma prévia da fiscalização, feita por amostragem, mas agora quer fazer o trabalho minucioso, em função das inúmeras reclamações, de acordo com o promotor. “O objetivo não é encontrar irregularidades, mas que as empresas explorem a atividade dentro da regularidade e, sendo assim, presumimos ainda o bom atendimento aos consumidores”, relata. As inspeções vão verificar ainda o aspecto físico dos veículos, analisando questões como condições de uso, elevadores, qualidade dos pneus, sistema de fechamento das portas, entre outros pontos.
Mas, para cumprir o trabalho, o Ministério Público tem um desafio interno. Atualmente, apenas sete fiscais estão atuando no estado inteiro, incluindo a capital. “Há um significativo número de linhas que não cumprem as normas e esse é o ponto inicial.
OUTRO LADO
Por meio de nota, o Sindicato das Empresas de Transporte de BH (Setra) informou que orienta as empresas associadas a circular com o cobrador nos horários determinados pela legislação. De acordo com o sindicato, a ausência do profissional somente é indicada em horários nos quais é permitida e em linhas legalmente autorizadas, o que inclui as troncais e alimentadoras. “Durante o dia, algumas linhas não precisam do agente de bordo na sua operação, caso das linhas que integram o sistema Move e as alimentadoras. Na integração das linhas não ocorre pagamento em dinheiro dos usuários”, diz o texto.
No fim do ano passado, para autorizar reajuste de tarifário de 11% e a passagem aumentar para R$ 4,50, a PBH exigiu das empresas a contratação de 500 cobradores. Segundo o Setra, o acordo foi cumprido em fevereiro e a lista do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) do Ministério do Trabalho, com as contratações, foi entregue à BHTrans.