De manhã, agasalho para suportar o frio com vento cortante. À tarde, casacos nos braços ou em bolsas e estratégias para driblar o sol a pino. No sobe e desce dos termômetros, o chuvisco ressalta a mudança de tempo. A paisagem joga seu charme e parece querer convencer que sim, já chegou a época das flores. Nesta semana, andar por Belo Horizonte significou apreciar nuances das quatro estações em questão de horas. Em um mesmo dia, moradores da capital enfrentaram picos de inverno e verão, com a temperatura máxima chegando a ser superior ao dobro da mínima. A amplitude térmica (diferença entre esses extremos) chegou a bater 15,3°, em ruas pontilhadas por jardins e árvores em plena floração convivendo com outras que ainda não recuperaram as folhas perdidas para o outono. Mas, se oferecem belos espetáculos para os olhos, as variações fazem sofrer o restante do corpo. As recomendações médicas para enfrentar este período passam por cuidados como hidratação abundante e higiene. Vacinação também é essencial para evitar doenças infecciosas favorecidas pela montanha-russa do tempo, agravada pela baixa umidade do ar.
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E nesses dias de grande variação também ventou muito, o que contribuiu para aumentar a sensação de frio. Na segunda-feira, quando a mínima foi a 13,3°, os ventos chegaram a 30 quilômetros por hora, que fez muita gente jurar que não fazia mais que 5°. O fenômeno foi ainda mais sentido em bairros mais altos, como Buritis (Região Oeste) e Belvedere (Centro-Sul de BH). Teve até chuvisco, na quarta-feira, ao longo da Serra do Curral.
Desde a quinta-feira o céu azul ficou novamente à mostra, num contraste intenso com ipês tomados pelas flores de um rosa bem chamativo. Algumas árvores que já começam a perder as flores, aliás, proporcionam um espetáculo à parte: formar tapetes com as pétalas que cobrem asfalto e calçadas. “É típico desta época. Mas os modelos mostram que a partir de agora haverá mais calor. Vai esquentar bem”, avisa o meteorologista.
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Recordes de calor e temporais à vista
Na Região Metropolitana de Belo Horizonte, as mínimas ficarão na casa de 15° e as máximas chegarão aos 30° já na semana que vem. Já a umidade relativa do ar volta a cair. Na quinta-feira, ficou em 32%. Nos próximos dias, a previsão é de que fiquem abaixo de 30% – o que configura estado de atenção. A projeção é de recordes de temperaturas no mês de setembro – entre 35° e 36°. E onde tem muito calor, tem temporal. Por isso, a tendência é de que as primeiras chuvas, esperadas para o fim do mês que vem, venham na forma de tempestades. “O El Niño (aquecimento anormal das águas do Oceano Pacífico, influenciando na temperatura da água e no clima de várias regiões do mundo) continua atuando, com intensidade fraca, mas vai deixar rastro na forma de calor”, diz Ruibran. Fora as pancadas, precipitações mais significativas devem atrasar e chegar apenas na segunda quinzena de outubro.
Com tanta mudança, quem sofre é a saúde, principalmente a de crianças e idosos. Segundo o médico Adelino de Melo Freire Júnior, infectologista da Unimed-BH, algumas doenças, como alergias, pneumonia e infecções respiratórias e virais podem ter relação com a mudança de temperatura e umidade relativa do ar. “Não se sabe como exatamente isso afeta o sistema imune, mas parece haver relação entre a proteção do corpo e as variações bruscas. As pesquisas não conseguem fazer relação de causa e efeito, só documentar a ligação”, afirma. Ele explica que em situações de tempo muito seco e quente, quando aumenta a quantidade de alérgenos no ar, as vias aéreas ficam mais suscetíveis, levando a asma, alergias e infecções virais. “O frio pressupõe ainda doenças respiratórias, porque as pessoas ficam mais juntas e os ambientes ficam mais fechados, favorecendo a transmissão das doenças respiratórias.”
A prevenção, de acordo com Adelino de Melo, passa por vacina (como a da gripe) e cuidados básicos. Manter-se hidratado no tempo seco, ficar em ambientes mais ventilados, higienizar as mãos com água e sabão ou álcool gel. E ainda evitar levar mãos a nariz, olhos e boca, mofo, carpete e cortinas de tecido. Manter o calendário de vacinação em dia, ressalta o infectologista, é essencial. E, depois de se proteger, que tal aproveitar no fim de semana os espetáculos da natureza nas ruas da capital?