Lugar do “patrimônio” é, também, na cozinha – ainda mais se temperado pela cultura, admirado com os olhos da arte e recheado de sabedoria popular. Juntando nesse caldeirão outros ingredientes, a exemplo dos sentidos, memórias, histórias e referências, a semana dedicada ao Patrimônio Cultural 2019 traz, como tema, Cozinha e Cultura Alimentar, com ampla programação de terça a domingo (veja quadro) e diversas atividades gratuitas.
Segundo os organizadores, a proposta é ocupar a Praça da Liberdade e seus arredores, na Região Centro-Sul, com várias ações realizadas em conjunto com os equipamentos do Circuito Liberdade e parceiros. Nos dias 24 e 25, a Fazenda Boa Esperança, em Belo Vale, também receberá programação cultural e uma feira de produtos típicos das comunidades tradicionais da região.
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FARINHAS Durante as comemorações do Dia do Patrimônio Cultural 2019 – Cozinha e Cultura Alimentar, o Iepha lança o projeto de Inventário temático das Farinhas: Moinhos de Milho e Casas de Farinha em Minas Gerais. O objetivo é identificar “locais de produção, produtos e produtores” da matéria-prima que é base da alimentação de grande parte da população. A expectativa das autoridades é que prefeituras, pesquisadores e outros setores da sociedade participem do levantamento de forma colaborativa, por meio do preenchimento do cadastro disponível no site do Iepha.
Ao final da pesquisa, serão propostas medidas de proteção e salvaguarda desses bens culturais. A previsão é de que o estudo seja concluído no fim de 2020.
Segundo estudos do Iepha, os espaços para a produção das farinhas são base do sustento de muitas famílias e comunidades, funcionando como ponto de encontro e de sociabilidade de pessoas que trabalham e usam esses lugares coletivamente e ali mantêm seus ofícios e tradições.
“A importância dos saberes e espaços, associados a outros estudos já feitos, motivou o Iepha a iniciar as pesquisas para identificar os moinhos de milho e as casas de farinha como patrimônio cultural do estado”, explica Michele. Para participar de atividades como oficinas, rodas de conversas, mesas-redondas é necessário fazer inscrição pelo site sympla.com.br/diadopatrimonio.
A programação completa está disponível nos sites iepha.mg. gov.br e circuitoliberdade. mg.gov.br.
- SERVIÇO
- Dia do Patrimônio Cultural 2019 – Cozinha e Cultura Alimentar
- De 13 a 18 de agosto
- Local: Circuito Liberdade
- Inscrições: sympla.com.br/diadopatrimonio
- Programação completa: circuitoliberdade.mg.gov.br
Guardião da memória
inspirou comemoração
Rodrigo Melo Franco de Andrade nasceu em 17 de agosto de 1898, em Belo Horizonte. Estudou em Paris e conviveu com intelectuais, escritores e artistas plásticos brasileiros, entre eles Graça Aranha, Tobias Monteiro e Alceu Amoroso Lima. No Brasil, se dedicou ao curso de direito, iniciado na Faculdade de Ciências Jurídicas e Sociais do Rio de Janeiro.
Aproximou-se de Aníbal Machado, que o estimulou a dedicar-se à literatura, assim como de outras personalidades públicas e de intelectuais como Milton Campos, João Alphonsus, Carlos Drummond de Andrade, Pedro Nava, Abgar Renault e Oswald de Andrade, entre outros.
Em 1937, Rodrigo Melo Franco assumiu a direção do Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Sphan), atual Iphan, e, durante 30 anos, dedicou-se à preservação do patrimônio cultural brasileiro. A partir daí, a proteção dos bens culturais do país passou a ser sua atividade principal. Deixou a presidência do Sphan em 1967, mas não se afastou da instituição, permanecendo presente como integrante do conselho consultivo até o dia de sua morte, em 11 de maio de 1969.
Inúmeros textos escritos por ele foram reunidos e publicados pelo Sphan/ Fundação Pró-Memória sob os títulos Rodrigo e seus tempos – Coletânea de textos sobre artes e letras (1985) e Rodrigo e o Sphan: coletânea de textos sobre o patrimônio cultural (1987).