Foi suspenso, na manhã desta segunda-feira, o julgamento do ex-policial militar Nedilson Rocha Andrade, acusado de matar Herick Viriato Parreiras Paulino na saída de uma boate em Belo Horizonte há quatro anos. O motivo do adiamento foi um problema em uma mídia que fazia parte do processo.
A sessão no 2º Tribunal do Júri do Fórum Lafayette começou com o sorteio dos jurados, depoimento das testemunhas e o interrogatório de Nedilson. “No entanto, o juiz Ricardo Sávio de Oliveira, (...), aceitou pedido do Ministério Público para interromper a sessão porque o DVD juntado ao processo, com imagens do crime, estava com defeito. Uma nova mídia será solicitada à Polícia Civil e deve ser encaminhada posteriormente para a Justiça”, informou o Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG). A nova sessão foi marcada para 23 de outubro deste ano.
O crime ocorreu em 2 de fevereiro de 2015 na Rua Platina, Bairro Prado, Região Oeste de Belo Horizonte. Na ocasião, segundo a Polícia Civil, a vítima, que tinha 25 anos, estava no local acompanhado de amigos e familiares. Por volta das 2h, o jovem foi ao banheiro com um copo de cerveja nas mãos. Quando voltou, deixou parte da bebida cair em uma moça, que estava acompanhada do até então cabo da PM.
A situação gerou uma discussão entre Herick e Nedilson, de acordo com a Polícia Civil. O militar chegou a agredir o rapaz com socos. A dupla foi retirada da boate por seguranças. Conforme testemunhas, Nedilson disse que era policial militar e que o rapaz deveria “abaixar a bola”.
Ainda conforme a polícia, quando chegou à rua, o cabo da PM viu a vítima relatando a amigos o que havia acontecido. Novamente, o militar quis tirar satisfação com o grupo, que por sua vez, pediu desculpas pelo ocorrido.
Mesmo assim, segundo a polícia, Nedilson sacou sua arma e atirou no ombro de Herick. Os jovens que estavam com ele correram, mas o policial também atirou diversas vezes contra eles. Depois, ele se voltou novamente contra Herick e disparou mais uma vez contra ele.
Uma câmera de segurança gravou todo o fato e foi a principal prova da Polícia Civil para concluir o inquérito. Durante os trabalhos, os investigadores concluíram que a casa de shows tinha detector de metais em sua entrada, por isso não seria possível o militar entrar no local com uma arma sem ser barrado.
Réu alega legítima defesa
Em depoimento, segundo o TJMG, Nedilson confessou o crime e alegou ter agido em legítima defesa. Ele disse que Herick estava armado e chegou a ameaçá-lo dentro e na saída da boate. “Ele afirmou que foi apenas apartar uma briga entre a vítima e outras pessoas dentro da boate, após um balde de bebidas ter sido derrubado pelos envolvidos na confusão. Por tentar apaziguar o confronto, disse ele, foi agredido”, explica o Tribunal.
Apesar da alegação do ex-policial, nenhuma arma foi encontrada pela polícia com o rapaz. “O Ministério Público, em sua denúncia, ressaltou que o policial matou Herick Paulino na saída da boate porque a vítima acidentalmente derramou cerveja em uma mulher que estava acompanhando o policial. Os dois entraram em confronto ainda dentro da casa de shows”.
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