Nem mesmo uma medida protetiva foi suficiente para frear a violência contra uma mulher em Santa Luzia, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. Alessandra Cristiane Solane, de 46 anos, foi assassinada a facadas pelo ex-companheiro dentro de casa. O autor do crime foi preso e confessou o feminicídio. O caso expõe o aumento da violência contra elas, que não para. Levantamento do Estado de Minas mostra que ocorreu em média um ataque contra mulheres a cada dois dias desde o início do agosto, mês em que a Lei Maria da Penha completou 13 anos. Ontem, as investigações de outro crime que chocou a capital mineira foram encerradas. O microempresário Paulo Henrique da Rocha, de 33, foi indiciado pelos assassinatos a tiros da ex-companheira Tereza Cristina Peres de Almeida, de 44, e do filho dela, Gabriel Peres Mendes de Paula, de 22.
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Essa foi a quinta ocorrência de ataques contra mulheres a vir à tona nos primeiros 12 dias do mês. No Triângulo Mineiro, assassinatos chocaram a população. Um deles ocorreu em União de Minas. Lourival Carvalho dos Santos Rocha, de 43, e Ivoneide Conceição de Souza, de 33, foram encontrados mortos dentro de uma casa incendiada. A suspeita é de feminicídio seguido de suicídio. Em Uberaba, a polícia faz buscas por um homem que matou cruelmente uma mulher em uma residência. Em outra ocorrência, em Belo Vale, o autor de uma tentativa de feminicídio contra a ex foi indiciado. A garota ficou com uma faca cravada no rosto. O crime ocorreu em 4 de agosto.
Os casos de feminicídio têm crescido em Minas. Segundo a Polícia Civil só no primeiro semestre deste ano foram 64 registros de ocorrências desse tipo de crime no estado. Outras 104 tentativas foram registradas no mesmo período. Em todo o ano passado, foram registrados 160 ocorrências de feminicídio. São tipificados como feminicídio crimes cometidos por menosprezo pela condição feminina, discriminação ou por violência doméstica. Para denunciar casos de violência contra a mulher em todo o país o número é o 180.
Indiciamento
O microempresário Paulo Henrique foi indiciado pelo assassinato da ex-companheira Tereza Cristina Almeida, e o filho dela, Gabriel Mendes de Paula. O crime ocorreu em 29 de julho, no Bairro Ipiranga, Região Nordeste de Belo Horizonte. O homem vai responder por duplo homicídio qualificado por motivo fútil e pelo recurso que impossibilitou a defesa das vítimas. “No caso de Tereza Cristina, ainda há a qualificadora do feminicídio. A delegada também solicitou à Justiça a manutenção da prisão preventiva do indiciado”, informou a Polícia Civil.
O inquérito foi encaminhado à Justiça de Belo Horizonte na sexta-feira. Paulo Henrique foi localizado pela polícia dias depois do crime no Barro Preto. No momento da prisão, ele estava com uma pistola semiautomática calibre 9 milímetros. Conforme a Polícia Civil, a delegada Ingrid Estevam, do Núcleo Especializado em Investigação de Feminicídios, explicou que a perícia constatou que a arma é compatível com o material balístico encontrado na cena do crime.