Jornal Estado de Minas

Onda de envenenamento de cães causa mobilização em Santo Antônio do Monte

Muitas vezes, veneno é colocado dentro de alimentos - Foto: Divulgação/Prefeitura de Santo Antônio do MonteA cidade de Santo Antônio do Monte, na Região Centro-Oeste de Minas Gerais, passa por um momento delicado envolvendo a segurança dos animais. Uma onda de envenenamento de cachorros tem deixado as autoridades em alerta. Estima-se que cerca de 70 cães já tenham sido vítimas das ações criminosas somente neste ano.

O crime se dá, muitas vezes, pela inserção de veneno em alimentos diversos. As polícias civil e militar já investigam o caso e um inquérito foi aberto para a apuração do crime na cidade mineira. Segundo números do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgados em 2016, Santo Antônio do Monte conta com 27.398 habitantes.

Na última segunda-feira, foi realizada uma reunião com autoridades na prefeitura para debater o caso. No encontro, ficou decidido uma troca no sistema de monitoramento por câmeras da cidade, que apresentava problemas. Presente no debate, a vereadora e defensora da causa animal, Fernanda Castro (DEM), disse que as características dos crimes contra os bichos mudaram ao longo do ano.

“Em janeiro, começou uma série de envenenamento que acontecia nos mesmos bairros, com armadilhas semelhantes. Chegamos a oferecer recompensa para resolver o caso, aí, em março, deu uma parada, e a polícia não solucionou.
Agora teve uma retomada e está mais espalhado, cada pessoa relata uma coisa. As ações se diversificaram e atingem até animais domésticos. O sistema de olho vivo da cidade não está funcionando corretamente, o que tem dificultado as investigações. A gente imagina que 70 animais já foram vítimas desses crimes”, disse, ao Estado de Minas.

Representante da polícia militar na reunião, o tenente Juliano Clarismar evitou apontar motivos e causas para os crimes. Entretanto, ele reconheceu o alto número de envenenamentos tendo em vista a quantidade de habitantes em “Samonte”. “Estamos com uma estratégia tanto preventiva quanto de investigação, junto da prefeitura e da polícia civil. Todos os esforços estão sendo feitos.
A cidade é tranquila, pacata, não tem grandes proporções, exceto pelo fato de ser conhecida pela produção de fogos de artifício. Esses casos são realmente estranhos aqui, uma cidade com menos de 30 mil pessoas, mas seguimos analisando, e essa troca no sistema de câmeras vai ser muito boa para o nosso trabalho”.

A veterinária Cecília Aparecida, que cuidou de diversos animais envenenados, espera uma diminuição dos casos e que sejam solucionados. “A maioria das vítimas são cães, e só cinco animais conseguiram ser salvos aqui. Gatos também já foram vítimas, parece um extermínio mesmo. O animal chega desnorteado, se debatendo, com febre. Parece que a prefeitura vai melhorar a questão das câmeras e até da segurança em geral. Já tinha acontecido casos de envenenamento aqui, mas há dez anos, e foi resolvido. Agora está demais, em larga escala.
Esperamos que seja solucionado, ainda mais depois desse reforço na segurança”.

Reunião para tentar contornar a situação na cidade foi realizada na última segunda - Foto: Divulgação/Prefeitura de Santo Antônio do MonteO responsável pelos envenenamentos pode ser enquadrado em diversos crimes, como maus tratos ou crueldade contra animais (Lei 3688/41, art. 64 e Lei 9605/98, art. 32). A pena prevista é de prisão de três meses a um ano e multa.
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