Jornal Estado de Minas

JUSTIÇA

Maníaco de Anchieta fica menos tempo na cadeia do que artista condenado no lugar dele

 
 
Depois de ficar sete anos preso, o ex-bancário Pedro Meyer Ferreira Guimarães, de 56 anos, conhecido como Maníaco do Anchieta, ganhou liberdade condicional. O benefício foi concedido a ele pelo Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG), por ter cumprido dois terços da pena. O tempo em que ficou encarcerado é menor do que o que o artista plástico Eugênio Fiúza passou atrás das grades depois de ser confundido com o ex-bancário: 18 anos. E apenas dois anos acima do período cumprido na prisão pelo ex-porteiro Paulo Antônio Silva, de 66, que ficou na cadeia por cinco anos e sete meses, também por ser confundido com Pedro.





Pedro Meyer foi condenado por um dos 16 casos de abuso sexual pelos quais foi acusado na década de 1990. Ele foi preso em 27 de março de 2012. Mas pouco mais de um ano depois acabou solto por falta de um laudo de sanidade mental, que não ficou pronto no prazo determinado. Em agosto daquele ano, se entregou à Justiça, depois de ter a prisão preventiva decretada.

Na sexta-feira, o Juiz Wagner de Oliveira Cavalieri, da Comarca de Contagem, acatou um pedido da defesa do ex-bancário e determinou o livramento condicional. “O levantamento de penas revela que o sentenciado já cumpriu mais de dois terços da pena imposta pelos crimes, alcançando o requisito objetivo em 5 de março e não há nada que impeça a concessão do benefício ao sentenciado, bem como possui bom comportamento carcerário”, argumentou.

Na decisão,  o magistrado afirmou que, apesar da gravidade dos delitos imputados a Pedro Meyer, o laudo de exame criminológico lhe foi favorável, deixando de apontar qualquer circunstância desfavorável à concessão do benefício. “Por cautela, este juízo determinou a expedição de ofício à Vara de Inquéritos de Belo Horizonte, a fim de se certificar a respeito de outros fatos supostamente imputados ao sentenciado, tendo obtido resposta no sentido de que referidos fatos já estariam prescritos. Sendo assim, não há elementos que desautorizem o acatamento ao pedido formulado pela defesa”, completou.





Pedro Meyer terá que atender a alguns requisitos para manter o benefício. Entre eles, obter ocupação lícita, no prazo de 60 dias, comprovando em juízo o exercício das suas atividades, apresentar-se mensalmente à Justiça, apresentar-se em 15 dias, ao Centro de Alternativas Penais e Inclusão Social de Egressos do Sistema Prisional, recolher-se em casa até as 22h, comunicar qualquer mudança de endereço, não se ausentar da cidade onde mora, sem prévia autorização da Justiça, por mais de oito dias.

Além disso, o ex-bancário deverá frequentar o Centro de Atenção Psicossocial (Caps) mais próximo da residência dele de 15 em 15 dias, durante um ano. Se for apresentar endereço fora de Contagem, na Grande BH, deverá comparecer, em cinco dias, à Justiça, para comprovar o outro local de moradia.

Até o fechamento desta edição, Pedro Meyer continuava preso na Penitenciária Nelson Hungria, em Contagem, na Região Metropolitana, segundo a Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp).  O Estado de Minas entrou em contato com o advogado que representa o ex-bancário, mas as ligações caíram na caixa-postal do celular.





O artista plástico Eugênio Fiúza foi preso em 1995 por ser confundido com o Maníaco do Anchieta e passou 18 anos na prisão. Ele só conseguiu provar a sua inocência com a detenção de Pedro Meyer. Eugênio foi confundido com o criminoso devido à grande semelhança física entre os dois. Por causa do erro, o Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG) concedeu a ele o direito de receber pensão por parte do Estado, no valor de cinco salários mínimos.

O artista plástico não foi o único a ser confundido com o Maníaco do Anchieta. O ex-porteiro Paulo Antônio Silva, de 66, também foi condenado a 16 anos de prisão, por dois estupros, e chegou a ficar encarcerado por  cinco anos e sete meses por crimes cometidos por Pedro Meyer. Em abril de  2013, ele conseguiu provar sua inocência. Em 2014, ganhou na Justiça a indenização.

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