As casas de repouso podem ser aliadas das famílias que buscam melhor tratamento para idosos. Algumas se assemelham a hotéis de luxo, mas nem todas as famílias podem arcar com os valores cobrados, que variam de R$ 4 mil a R$ 15 mil na capital mineira. As instituições contam com equipe multidisciplinar para tomar conta do idoso 24 horas por dia. “A institucionalização deve ser feita em último caso. Às vezes, ela é a única solução, mas a família não pode transferir a responsabilidade, que é dela”, afirma o procurador Bertoldo Mateus Oliveira Filho, coordenador estadual de defesa do idoso. As famílias que colocam seus parentes em instituição e não prestam mais nenhum auxílio incorrem no crime de abandono, como prevê o artigo 98 do Estatuto do Idoso, com pena de seis meses a três anos e multa.
A escolha entre manter o idoso dependente em casa ou institucionalizá-lo não costuma ser fácil nem para a família nem para quem está necessitando de cuidados especiais. E se torna mais difícil diante de notícias como a dos maus-tratos aos moradores da Casa dos Idosos Acolhendo Vidas, em Santa Luzia. Redobrar a atenção é essencial. “Existe certo preconceito sobre a institucionalização do idoso. Sensação de abandono ou de que os lugares são muito ruins, têm baixa qualidade de atendimento. Mas há várias instituições sérias, que investem em treinamento e infraestrutura física e conseguem proporcionar ao idoso uma qualidade de vida melhor até do que ele tinha em casa”, afirma o médico Guilherme Lemos Faria Tavares, responsável Casa de Repouso Pampulha Village. O Estado de Minas fez levantamento sobre a violência contra o idoso no estado.
A Casa de Repouso Pampulha Village foi construída especificamente para ser instituição para idosos. Com isso, todo o projeto arquitetônico foi pensado para proporcionar melhor condição de vida e locomoção a pessoas da terceira idade, quando o risco de quedas é grande. Na casa, idosos seguem rotina com horários fixos de tomada de medicamentos, de banho e refeições. “Manter uma rotina é bom para o idoso que tem perda de memória, a rotina o faz se enquadrar melhor no dia a dia”, diz. No local, os idosos fazem seis refeições diárias. Entre elas, são realizadas várias atividades, tanto terapêuticas quanto lúdicas. “Acaba que o idoso ocupa seu tempo com atividades saudáveis. Mas ele não é obrigado a participar de tudo, a gente respeita o tempo de cada um”, diz o médico.
Elíssia Rossi Dolabela, de 86 anos, não rejeita nenhuma atividade. Ela brinca que está com o corpo de 30 anos e a mente superativa. “Estou velha de idade, mas a cabeça é jovem”, diz. Todas as manhãs, ela faz alongamentos e a flexibilidade continua grande. Com facilidade, Elíssia coloca as mãos nos pés. “De manhã, rezo com 'Deus me deito, com Deus me levanto'”, conta.
O médico reforça que a casa contribui com a logística do tratamento, mas que o afeto da família não deve ser terceirizado. Ele lembra que em muitos casos a família se sente perdida diante das novas demandas do idoso. “A gente terceiriza os cuidados do dia a dia. Nunca terceiriza o afeto, o cuidado da família. O idoso quer pegar na mão do filho, ver se o neto cresceu.”
É o caso do assistente social Frederico da Silva Araújo Tavares, de 58 anos, e o sobrinho João Pedro Tavares, de 19, que foram passar o dia com David Tavares, de 92, hospedado na Casa de Repouso Pampulha Village. “Vir para cá foi uma decisão do meu pai”, diz Frederico. Os cinco filhos e netos se revezam nas visitas ao pai. Eles levaram seis meses para escolher a instituição onde o pai moraria. Antes de David se decidir por uma, eles visitaram 10 instituições. David destaca a tranquilidade da casa.
AFASTE O RISCO
Ponto a ponto da segurança Do idoso que vive sozinho, auxiliado por cuidador ou institucionalizado
SOZINHO
- Tenha sempre um número de emergência de alguém em quem confie para acionar quando se sentir em perigo
- Tenha em mãos os telefones da Polícia Civil, Polícia Militar e Corpo de Bombeiros
- Reforce as medidas de segurança da casa, assegure-se de que as trancas estão acionadas
- Dê preferência para residir em locais iluminados
- Os familiares devem fazer visitas constantes, sempre que possível
- Não repasse a senha do cartão de banco para as pessoas nem assine nenhum documento dando acesso à sua conta
- Procure o auxílio da família antes de fornecer dados ou assinaturas a pessoas alheias ao ambiente familiar
COM CUIDADOR
- A família deve observar a rotina de trabalho do cuidador para saber como tem desempenhado as funções
- Busque referência do cuidador em trabalhos anteriores. Descubra se fez curso para exercer essa função
- Instale câmeras para acompanhar o dia a dia do idoso
- Não repasse a senha do cartão de banco para cuidadores e não assine nenhum documento que dê acesso à conta
- Não permita que o cuidador receba benefícios em lugar do titular
INSTITUCIONALIZADO
- Busque informações sobre a instituição. Descubra se está regular junto à prefeitura, órgãos de fiscalização como a Vigilância Sanitária e o Ministério Público.
- Converse com outros idosos que vivem no local para saber como se sentem e como é o tratamento
- Visite o local para saber como é o ambiente, a estrutura e clima da instituição
- Não permita que a casa retenha o cartão de benefícios do idoso
- Denuncie se a unidade exigir assinatura de procurações para recebimento do benefício pelo idoso
Fonte: Coordenadoria Estadual de Defesa do Idoso