O Rio Paraopeba, atingido pelos rejeitos de minério após o rompimento da barragem de Córrego do Feijão, em Brumadinho, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, começa a ter o seu leito limpo. O processo de dragagem é realizado pela Vale, mineradora responsável pela barragem B1 que rompeu em 25 de janeiro, deixando 248 mortos e ainda 22 desaparecidos.
Leia Mais
Brumadinho 200 dias: 'Operação de resgate de dignidade', afirma o porta-voz do Corpo de BombeirosMineradoras podem ter mais tempo para desmontar barragens do mesmo modelo de BrumadinhoFundação percorre Paraopeba e constata alta concentração de metais pesados um ano depois da tragédiaCopasa entrará em terrenos de Brumadinho para instalar sistema de captação de águaParaopeba decreta estado de alerta devido ao desabastecimento de águaPor R$ 22 milhões, UFMG será perita em ações sobre tragédia de BrumadinhoPara executar a dragagem, a empresa afirmou que realizou a limpeza da área por meio da remoção de materiais e galhadas e só iniciou as ações após inspeção e liberação do Corpo de Bombeiros. Para o processo de dragagem foram instalados oito pontos de monitoramento de água e sedimentos na área de influência da atividade.
De acordo com a Vale, a remoção dos rejeitos entre a B1 e a nova ponte da Avenida Alberto Flores, resultou em cerca de 750 mil m³ de material.
Sistema integrado
Após a dragagem, a água é bombeada por tubulação para bolsas geotêxteis (geobags), que têm a função de reter o rejeito dragado. A água sairá pelos poros drenada dessas bolsas e, na sequência, passará por processos de precipitação, filtragem e adsorção química. Esses procedimentos têm como objetivo separar os sólidos que ainda podem estar presentes na água após ela passar pelas bolsas geotêxteis.
A água, então, será devolvida tratada e dentro dos padrões legais ao rio Paraopeba. Os sólidos nos tubos geotêxteis serão monitorados, classificados e integrados ao meio ambiente através de reaterro e revegetação de toda área.
Capacidade de tratamento
O tratamento da água dragada será realizado na nova Estação de Tratamento de Água Fluvial (ETAF) implantada pela Vale. A ETAF Lajinha, como foi batizada, tem capacidade para tratar 2,25 milhões de litros por hora, ou 54 milhões de litros por dia. Com isso, a capacidade total da empresa para tratar água em Brumadinho deve dobrar, uma vez que a empresa já opera outra estação na região, a ETAF Iracema (Ferro-Carvão), com capacidade de tratamento de 2 milhões de litros por hora (48 milhões de litros por dia).
O sistema de captação e tratamento de água da ETAF Lajinha conta com duas dragas, uma bacia de tratamento, uma bacia pulmão (água tratada), uma planta química, seis bombas centrífugas e 10 filtros.
A atividade de dragagem e a implantação do sistema de tratamento de água integra o Plano de Contenção de Rejeitos apresentado pela Vale aos órgãos públicos, após o rompimento da barragem B1, na mina Córrego do Feijão. A ETAF tem como objetivo reduzir a turbidez da água e devolvê-la tratada ao rio.