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Estado de Minas NOVO MIRANTE

Bairro tradicional vai receber painéis do Cura, que já enfeitam o Centro de BH

Com pinturas em muros de prédios e bares, projeto terá 11 dias de programação na Lagoinha, berço da boemia de BH. Intenção é dar mais visibilidade e auxiliar na revitalização da região


21/08/2019 06:00 - atualizado 21/08/2019 09:54

Moradores do bairro, Filipe Thales (de óculos escuros) e Daniel Queiroga fizeram o convite a Priscila Amoni e Juliana Flores, que abraçaram a ideia. Um mirante será instalado na Rua Diamantina (foto: Túlio Santos/EM/D.A Press)
Moradores do bairro, Filipe Thales (de óculos escuros) e Daniel Queiroga fizeram o convite a Priscila Amoni e Juliana Flores, que abraçaram a ideia. Um mirante será instalado na Rua Diamantina (foto: Túlio Santos/EM/D.A Press)


"Arte, cultura e resistência". O Circuito Urbano de Arte (Cura) surgiu do encontro entre três mulheres – Janaína Macruz, Juliana Flores e a artista Priscila Amoni – com o desejo de criar um festival de arte urbana que colocasse Belo Horizonte no mapa mundial da Street Art. E a capital mineira começou a ganhar mais cores há dois anos. Muitas cores. As artistas viram nas paredes de concreto telas em branco à espera de uma obra de arte que formaria o então Mirante da Rua Sapucaí, no Bairro Floresta, na Região Leste. BH já conta com 10 grafites e um consagrado ponto turístico, mas não vai parar por aí. E a novidade agora vem com um novo endereço: Rua Diamantina, no Bairro Lagoinha. A intervenção, que ocorrerá entre os dias 5 e 15 de setembro, contará com pinturas em muros de prédios e bares e ainda promete roda de samba na rua e show de pagode, retomando as tradições do berço da boemia da cidade.
 
Para entender melhor todo o cenário é preciso voltar no tempo. Os imigrantes italianos foram os primeiros a chegar. Enquanto trabalhavam na construção da nova capital, e mesmo depois de vê-la inaugurada em 12 de dezembro de 1897, foram se estabelecendo no Bairro Lagoinha, Região Noroeste. No início da ocupação, dois rios, hoje canalizados, se encontravam nessa área e formavam uma lagoa, vindo daí o nome que se tornou lenda na cidade, principalmente entre as décadas de 1930 e 1960. Cintura Fina, malandro que ficou conhecido na zona boêmia, a Loura do Bonfim, uma das lendas da cidade, ou o bloco carnavalesco Leão da Lagoinha (criado em 1947 e retomado em 2016, depois do renascimento do carnaval de rua em BH), são alguns dos nomes que ficaram no imaginário do belo-horizontino.
 
Interessados em recontar toda essa história, foram moradores da própria região que sugeriram a escolha da Rua Diamantina para as novas intervenções artísticas. “O Cura-Lagoinha surgiu a partir de um convite de dois moradores: Filipe Thales, grande ativista pela requalificação do Bairro lagoinha, e Daniel Queiroga, do blog Casa na Lagoinha. Eles nos procuraram há quase dois anos para fazermos uma edição do Cura na região. Eles acreditam que a iniciativa seria maravilhosa e importante para dar visibilidade. E eles próprios mapearam esse mirante. Foi um convite que a gente amou e encontrou um patrocinador que também tinha interesse em olhar pra Lagoinha e ver um projeto cultural, uma oportunidade para contar a história do berço da cultura de Belo Horizonte”, diz Juliana Flores.
 
Filipe Thales comemora: “Um lugar totalmente estigmatizado pela violência. Nada melhor que um olhar de turista pelo próprio belo-horizontino para poder começar a mudar essa visão”, disse ele. Foi em 2007 que ele chegou na Lagoinha. Com um dia de casado na nova casa, ao abrir a janela do quarto pela manhã viu um Fusca 73 anunciando a exibição de um filme sobre o bairro. Depois disso, o orgulho brotou e como ele já era empreendedor na área musical, começou a atuar culturalmente na Lagoinha criando a iniciativa Viva Lagoinha, para reverter os principais problemas da região: a falta de vida noturna, a perda do capital cultural e o grande número de moradores em situação de rua. “Quando vim para cá, o primeiro baque foi quando disse pra minha mãe que me casaria e moraria na Lagoinha. Logo ela pensou 'fude*, esse menino vai morar na zona.' E, o mais legal, é que hoje ela também veio morar na Lagoinha”, diz.

Programação


Então, acomode-se na cadeirinha de praia. “Brincamos que a Lagoinha é a fonte da boemia da cidade. Ou seja, vamos beber direto da fonte”, disse Juliana. Cervejinha gelada não vai faltar para se deslumbrar com o mais novo mirante de arte urbana da cidade. Entretanto, o modo operante será um pouco diferente nesta edição: “Lá, não tem grandes empenas (parte superior das paredes externas) como no Centro de BH. Então, vamos pintar muros, bares, vamos fazer grandes murais em superfície – que não são as tradicionalmente pintadas pelo Cura. Então, a gente pinta dois lados do Edifício Novo Rio e a fachada do Senai-Lagoinha vai ganhar uma intervenção belíssima. Também pintaremos alguns muros com o intuito de fomentar a circulação na rua, ou seja, aproximar as obras com as pessoas que passam na Rua Diamantina”, acrescenta.
 
Apesar de não divulgar ainda o line-up completo, a programação será muito festiva: “o belo-horizontino pode esperar muita programação, com roda de rua de samba, show de pagode, carnaval também. Estamos agitando uma grande festa. E vai ter estilo mirante já consagrado na Rua Sapucaí, com DJ todos os dias. Serão 11 dias de festa, de encontro, para exaltar a cultura da Lagoinha, esse bairro tão especial. Que o Cura contribua para essa requalificação”, conclui.

Com pinturas em muros de prédios e bares, Projeto Cura terá 11 dias de programação no berço da boemia de BH. Intenção é dar mais visibilidade e auxiliar na revitalização da região

Confira onde estão os painéis e quem são os artistas


PRIMEIRA EDIÇÃO (2017)

» EDIFÍCIO RIO TAPAJÓS – 
Onde: Rua da Bahia, 325, Centro Artistas: Acidum Project 
(Tereza Dequinta e Robézio Marqs)

» EDIFÍCIO SATÉLITE – Onde: Rua da Bahia, 478, CentroArtista: Thiago Mazza

» EDIFÍCIO TRIANON 
Onde: Rua da Bahia, 905, Centro Artista: Marina Capdevila

» HOTEL RIO JORDÃO  
Onde: Rua Rio de Janeiro, 147, Centro Artista: Priscila Amoni

SEGUNDA EDIÇÃO (ANIVERSÁRIO DE BH)

» EDIFÍCIO PRÍNCIPE DE GALES – Onde: Rua Tupinambás, 179, Centro 
Artista: Davi Melo Santos
 
(foto: Jair Amaral/EM/D.A Press - 28/12/17)
(foto: Jair Amaral/EM/D.A Press - 28/12/17)
 

» GARAGEM SÃO JOSÉ
Onde: Rua Tupis, 70, Centro 
Artista: Milu Correch

TERCEIRA EDIÇÃO (2018)

» AMAZONAS PALACE HOTEL – Onde: Av. Amazonas, 120, Centro Artista: HYURO

» ED. CHIQUITO LOPES – Onde: Rua São Paulo, 351, Centro Artista: Criola

» ED SATÉLITE - Onde: Rua da Bahia, 478, Centro Empena 1: 
Comum Empena 2: 
21 artistas dividirão as telas

QUARTA EDIÇÃO (ESPECIAL LAGOINHA)

» SENAI LAGOINHA
Onde: Avenida Presidente Antônio Carlos, 561, Lagoinha
Artista: a divulgar

» EDIFÍCIO NOVO RIO
Onde: Rua Diamantina, 665, Lagoinha
Artista: a divulgar

» ORBI CONECTA
Onde: Avenida Presidente Antônio Carlos, 681, Lagoinha,
Artista: a divulgar

» RUA DIAMANTINA
Artista: a divulgar

» ARMAZÉM 08
Onde: Francisco Saucaseeaux, 8, Lagoinha
Artista: a divulgar

» BAR DO ATLETICANO
Onde: Rua Itapecerica, 904, Lagoinha
Artista: a divulgar 


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