Dois dias após o acidente que vitimou a psicóloga Ivanilda José Basílio Felisberto, de 58 anos, no Bairro Santo Antônio, na Região Centro-Sul de Belo Horizonte, o EM flagrou, ontem, a circulação de caminhões de entrega e coleta de lixo, além de quase uma dezena de caçambas cheias de entulho na Rua Professor Aníbal de Matos e outras do entorno, nas quais o tráfego pesado também é proibido. Para tentar garantir mais segurança na vizinha Rua Matipó, também uma ladeira, a Prefeitura de Belo Horizonte, via BHTrans, colocou faixas de tecido no local, com os dizeres: “Proibido trânsito de caminhões – aclive acentuado”. Os técnicos informaram que se trata de “um teste operacional” para mão dupla.
Somente este ano, a BHTrans informa ter concedido 3.927 Autorizações Especiais para Trânsito de Veículos (AETV) para que acminhões possam circular em lugares com restrição. Em nota, a empresa acrescenta que não “há registros de acidentes com os veículos autorizados” e que há, na capital, equipamentos eletrônicos em três locais com proibição de circulação de veículo de carga (Rua Haiti, Avenida Nossa Senhora do Carmo e Avenida do Contorno).
A empresa informa ainda que o município tem instaladas 148 placas com restrição de circulação de caminhões, havendo, em algumas vais, mais de uma placa. No caso da Superintendência de Limpeza Urbana (SLU), é dada uma autorização especial, com validade anual para o trânsito de caminhões de coleta de lixo . Desde 2009 a BHTrans está proibida de autuar motoristas com base no Código de Trânsito Brasileiro (CTB) – os agentes autuadores são a Guarda Municipal e a Polícia Militar.
Em liberdade
O caminhoneiro Ricardo Maciel Pereira, de 57 anos, que dirigia o caminhão envolvido no acidente de segunda-feira, vai responder ao processo em liberdade após audiência de custódia realizada na manhã de ontem, no Fórum Lafayette, no Bairro Barro Preto, na capital. Ele estava preso desde segunda-feira após se envolver no desastre na descida da Rua Professor Aníbal de Mattos, que matou a psicóloga, a bordo de um dos dois carros atingidos. Segundo a assessoria do Fórum, Ricardo foi ouvido pela juíza Fabiana Cardoso. Para a advogada Tamita Rodrigues, que defende o caminhoneiro, “a justiça foi feita”. “Conseguimos liberdade provisória com aplicação de medidas cautelares, que consistem em comparecimento mensal em juízo e suspensão da habilitação”, informou.
O acidente ocorreu no fim da manhã de segunda-feira. O caminhão recolhia uma caçamba pela Rua Professor Aníbal de Mattos – extremamente íngreme e onde é proibido o tráfego de veículos de carga –, quando, sem controle, desceu arrastando dois carros e esmagando um deles contra uma árvore, no qual estava a motorista. O veículo que provocou a tragédia não tinha autorização especial da BHTrans para trafegar no local restrito. Mesmo assim, o motorista se arriscou ao passar pela ladeira, com um peso estimado de 13 toneladas, considerado o peso de aproximadamente 5 toneladas do cavalo mecânico e 8 toneladas de uma caçamba de 5 metros cúbicos cheia.
Circulação
De acordo com a BHTrans, para promover uma fluidez mais harmônica e segura no trânsito de BH, foi regulamentada a operação de carga e descarga e circulação de caminhões nas vias do município, consolidando novas regras. As portarias 138/2009 e 077/2014 estabelecem as vias ou trechos de vias em que é proibida a circulação de veículos pesados, além dos horários em que eles podem tafegar.
Os veículos pesados, além do porte, são mais lentos e podem interferir naturalmente na mobilidade dos demais automóveis e causar retenções quando em atividade de carga e descarga. Outra preocupação primordial está no risco de acidentes, ocasionados ou com a participação de veículos pesados, os quais podem ser mais graves, tanto para os de menor porte quanto para pedestres. (Com informações de Cristiane Silva)