Um crime em ascensão em Belo Horizonte, que em 2019 leva à destruição de uma família, em média, a cada mês na cidade. Ontem, a Polícia Civil prendeu mais um homem acusado de feminicídio na capital mineira, desta vez no Bairro Mantiqueira, em Venda Nova. O caso aconteceu na sexta-feira, mas Gleisson Fábio de Souza Pereira, de 26 anos, só se apresentou à corporação ontem, acompanhado de um advogado. Ele é o principal suspeito de matar com uma facada a ex-namorada Luana Cristina da Silva Rosa, de 19, que já tinha uma medida protetiva contra o suspeito. Gleisson também agrediu Joelma Silva, mãe de Luana, e um bebê de 1 ano, filho do casal que se separou no fim do ano passado. Foi a oitava ocorrência desse tipo em BH neste ano – número que supera as estatísticas de 2018 inteiro, quando sete mulheres foram vitimadas pelo ódio.
“Falei assim: 'Luana, não vai não!'. Mesmo assim ela foi. Ele tirou uma faca de uma bolsa preta e deu uma só (facada) nela. Pulei nele para tentar segurá-lo, mas ele me deu um golpe aqui (no abdômen) e um soco no nariz”, relatou Joelma. “Tentei salvar minha filha e não consegui. Senti que ele ia fazer algo de ruim com ela”, disse, aos prantos.
"Ele não se importou que o filho estava no colo. Já falou que no Brasil não tem pena de morte e que é réu primário. Disse que vai voltar e matar o filho quando sair. Será que ele preso é realmente segurança?"
Jeniffer Rafaela Ferreira, de 28, irmã da vítima
O ataque com a arma branca rendeu, ainda, um corte no pé do filho do ex-casal. A criança foi levada ao Instituto Médico-Legal pela polícia para passar por exames. “Ele não se importou que o filho estava no colo. Já falou que no Brasil não tem pena de morte e que é réu primário. Disse que vai voltar e matar o filho quando sair. Será que ele preso é realmente segurança?”, desabafou Jeniffer Rafaela Ferreira, de 28, irmã da vítima.
Luana tinha uma medida protetiva contra Gleisson desde o fim do ano passado, quando terminou o relacionamento com o suspeito. Ela havia sido agredida por ele física e emocionalmente diversas vezes. “Mais uma vez a motivação é o término do relacionamento tardio. Existe um ciclo de violência que se inicia com agressões verbais e proibições, progride para outros tipos de violência, desta vez com ameaças de morte mais incisivas, e termina com agressões físicas e o feminicídio”, explica a delegada Ingrid Estevam, que comanda as investigações.
Casos semelhantes
A polícia procura por Wilker Fernando Silva, de 35, acusado de atear fogo na casa da ex-companheira em Nova Lima, Região Metropolitana de BH. Os dois se relacionaram por 11 anos, mas estão separados há oito meses e ele não aceitaria o término da relação.
"Existe um ciclo de violência que se inicia com agressões verbais e proibições, progride para outros tipos de violência, desta vez com ameaças de morte mais incisivas, e termina com agressões físicas e o feminicídio"
Ingrid Estevam, delegada
No sábado, o advogado Fábio Manuel Kustura Teixeira, de 34, saiu de Campinas (SP) para tentar assassinar a ex-companheira, Michele Vieira, de 28, no Bairro Braúnas, na Pampulha. Ele trazia no carro um carregamento de armamento e munições de uso restrito das polícias Civil e Militar e das Forças Armadas. A vítima levou um tiro na coxa, mas conseguiu fugir e se esconder em um lote vago. O homem cometeu suicídio.